Liga da Justiça do Zack Snyder é uma carta de amor aos fãs

Nome original:  Zack Snyder's Justice League 

Ano: 2021

Duração: 4 horas

Direção: Zack Snyder

Sinopse: Determinado a garantir que o sacrifício final do Superman (Henry Cavill) não foi em vão, Bruce Wayne (Ben Affleck) alinha forças com Diana Prince (Gal Gadot) com planos de recrutar uma equipe de metahumanos para proteger o mundo de uma ameaça de proporções catastróficas que se aproxima. A tarefa se mostra mais difícil do que Bruce imaginava, pois cada um dos recrutas deve enfrentar os demônios de seu próprio passado para transcender o que os impediu, permitindo que se unissem, finalmente formando uma liga de heróis sem precedentes. Agora unidos, Batman, Mulher Maravilha (Gadot), Aquaman (Jason Momoa), Cyborg (Ray Fisher) e The Flash (Ezra Miller) podem ser tarde demais para salvar o planeta de Steppenwolf, DeSaad e Darkseid e suas intenções terríveis.

(Pode conter alguns spoilers).

Antes de tudo, venho pedir algo encarecidamente e de coração. Se já conheceu a Liga da Justiça de 2017, o assistiu ou não, eu peço-lhe: esqueça tudo sobre aquela pilha de porcaria. Este filme e aquela monstruosidade em nada se igualam. O Josstice (filme dirigido por Joss Whedon e apelidado pelos fãs da DC desta forma) é um filme banal, ridículo, imbecil e não faz jus à grandiosa equipe que é a Liga da Justiça. 

Vi inúmeros reviews de sites de "críticos especializados", completamente bufões e tendenciosos, que deram notas regulares ao filme, mostrando desprezo não ao filme em si, mas a quem o dirigiu. Uma atitude patética e vergonhosa para os tais, que julgam-se tão isentos. Porém, tais opiniões destes abobados que mantém voz e posturas infantis, pouco abalam-me, pois há anos que pouco importo-me para estes fanfarrões. O Snyder Cut só foi possível graças a insistência e perseverança dos fãs que exigiram a película por 4 anos interruptos. Não foi uma luta em vão. Vendo isso, os executivos da Warner Bros se sentiram acuados. 

Os engravatados da Warner Bros sempre destetaram a versão madura da JL proposta por Snyder. Queriam uma versão leve para vender brinquedos para a garotada. E assim, foi lançada a versão ridícula de 2017, com vários cortes, piadas grotescas e fora de hora, personagens com suas personalidades drenadas, cenas que não se encaixavam, um filme arrastado e fraco. Um grande desastre.

Whedon não respeitou a visão de Snyder. Refilmou desnecessária e completamente o filme, desrespeitando as filmagens anteriores – e já completas – de Snyder.

Ademais, devo deixar bem claro que o projeto da JL foi arrancado das mãos de Snyder em 2017, após uma tragédia familiar. Sua filha, Autumn Snyder, uma jovem moça, tirou a própria vida, desestabilizando emocionalmente Snyder. Não consigo imaginar a dor que ele e seus familiares sentiram. Impossibilitado de continuar o projeto, a Warner o afastou (lê-se demitiu-o) e passou o projeto adiante, deixando-o nas mãos de Joss Whedon, que antes trabalhava na Marvel e dirigiu os dois primeiros filmes dos Vingadores (um, muito bom, e outro, completamente descartável), transformando Justice League em "Josstice", aquele circo que todos viram e recusam-se a acreditar até os dias de hoje.

Aqui, no Snyder Cut, que atrevo-me a dizer, Original Cut, vemos todo o amor e dedicação que outrora Snyder quis mostrar na grande tela. Esta era a versão que deveria ter sido lançada quatro anos atrás, mas, graças aos Céus ao menos pudemos vê-la e apreciá-la. Muitos achavam que o Snyder Cut era um mito, uma mentira inventada pelos fãs que não aceitavam o Josstice League. Tudo veio à tona em 2020, quando a HBO Max postou alguns teasers e logo o frenesi estava formado. A lenda tornou-se realidade. 

Acrescento que você não precisa ser um fã assíduo da DC ou ter lido seus milhares de quadrinhos com cronologias alternadas. Não. Basta dedicar algumas horas de sua vida e apreciar a película. 
E nem mesmo, precisa ter acompanhado todos os trabalhos do diretor Zack Snyder, ou de repente ter que se tornar fã dele. Não. Basta respeitá-lo e respeitar sua jornada. Eu, por exemplo, não sou fã da DC (e nem da Marvel), e tampouco sou fã de Zack Snyder, todavia sei reconhecer quando um trabalho é feito com paixão.

Vi, também, que algumas pessoas criticaram a duração do filme. "Oh, minha nossa, não posso abrir mão de 4 horas da minha vida para assistir ao filme", mas maratona uma temporada inteira de dez horas. Vai entender. Uma desculpa completamente ridícula. Garanto-lhe que as horas correm, e sequer verá as quatro horas passando. Assisti e posso dizer com todas as letras. Senti como se fossem apenas duas horas. O enredo te prende de tal forma que as horas passam voando. Quando me dei conta, já era noite.  

Todos os personagens receberam desenvolvimento, lhes foram entregado uma trama para cada um, motivações e objetivos.

Victor Stone (Ciborgue) é o personagem que mais se destaca no filme, e até mesmo posso dizer que ele seja o protagonista do filme. Ele é o coração do filme, um personagem com cicatrizes, com seus receios e com sua profundidade, e alguns eventos do filme estão entrelaçados diretamente a ele. Ele é uma parte essencial do filme, coisa que foi trucidada no Josstice de 2017, em que Ciborgue teve suas falas originais cortadas e refilmaram toda a sua backstory deixando-a tosca, transformando Victor Stone em um personagem caricato. A propósito, todos ficaram ridículos na versão de 2017. 

Até mesmo o vilão, Lobo da Estepe, que era um personagem horrivelmente mal feito, no Snyder Cut, ganhou o seu ar da graça. Agora, passa a sensação de que ele é uma ameaça real, um perigo eminente, um demônio que precisa ser parado a todo o custo. 

Aqui, ganhamos um filme com alma. Um filme que tem coração. Percebi algumas mensagens escondidas, mensagens com cunho, por assim dizer, cristão, principalmente no vilão Lobo da Estepe. Consegui enxergar um "filho pródigo" no vilão. Veja bem, Lobo da Estepe fez uma grande besteira (nunca é dito no filme) e de todas as formas ele tenta corrigir seus erros, pois tudo o que ele mais almeja é retornar para sua casa e ser aceito, outra vez, em sua família. Se esta não é a jornada do filho pródigo, então, não sei mais o que poderia ser. É quase como se sentíssemos um pouco de compaixão pelo vilão, mas o filme nunca tenta amenizar seus atos ou mostrá-lo como um ser inocente, pois afinal, ele é um vilão e sempre o será. Acrescento, também, que seu CGI e aparência melhoraram e muito.

Não há espaço para estupidezes, cores saturadas ou piadinhas. Tudo é mais frio, mais cinzento, ao estilo Snyder. E o melhor: não existe mais a estúpida e desproporcional boca digital do Superman, consequência de quando o seu bigode foi removido na versão do Whedon.

Barry Allen foi um dos personagens que mais sofreu hate por conta da miserável versão de Whedon, e a ele foi dada as piadas mais cretinas e sem graça (Flash caindo de cara nos seios da Mulher Maravilha. 🤦🏻‍♀️🤦🏻‍♀️ Piada de péssimo gosto reciclada do Era de Ultron, quando Bruce Banner cai de cara nos seios da Viúva Negra. P*rra, Joss Whedon. Não ferra!). 

Posso dizer com todas as letras que agora Flash é um dos personagens mais queridos e um dos mais importantes na versão de Snyder, e a ele é entregue o momento mais emblemático e belo. Um paralelo com a vida de Snyder, como pude notar, mas não posso lhe dizer, pois é um imenso spoiler, e não gostaria de estragar a vossa experiência. Nada de cena idiota do Flash empurrando caminhonete para salvar família russa aleatória. Ao velocista escarlate foi dada a sua redenção.

É um filme sobre o luto e sobre a esperança. Um filme sobre a morte e sobre a ressurreição. Um filme sobre feridas e curas. Sobre continuar e acreditar no amanhã. Sobre ter fé. Vai além de um mero filme de "super herói".

Como eu disse outrora, JL foi produzido em um momento delicado e triste da vida de Snyder, e quando você assiste ao filme depois de saber o que aconteceu, fica impossível não atrelar cada passagem ao diretor do filme.

Sinto que precisava escrever este singelo artigo, e fazer eu mesma, justiça a este filme. Não precisa guiar-se por minhas opiniões, apenas estou cansada de pessoas que julgam-se como donas da verdade. A estas, meu total desprezo.

Uma pena que talvez não teremos uma Liga da Justiça 2, dirigida por Snyder, pois ele está deveras estafado com os executivos da Warner Bros, e além disso, metade do elenco do filme foi dispensado, incluindo Ben Aflleck, que fez o papel de Batman, Henry Cavill, que interpretou o Superman, e até Ray Fisher, que fez o Ciborgue. Uma grande lástima que mostra a total incompetência e desleixo da Warner.

Talvez, eu ainda esteja emocionada por ter acabado de assistir ao filme, porém uma coisa eu digo: não é apenas um filme estendido que corrige uma versão ruim. É uma verdadeira carta de amor aos fãs. 

Tema do filme.