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Porquê saí da igreja



    É com muito pesar que escrevo esta postagem. Levei algum tempo refletindo se eu deveria ou não compartilhar de experiência tão fastidiosa e triste, mas acabei, após inúmeros dias perdendo-me em infinitos pensamentos, que eu deveria escrever sobre isto.

Não foi uma escolha fácil e tampouco orgulho-me dela. Tudo o que eu posso resumir é... Estava tão cansada. Tão cansada dos fingimentos, da falsidade. E, principalmente, das mentiras.

Que fique bem claro que eu ainda sirvo a Deus e o amo de todo o coração. Minha fé Nele não se esfriara em momento algum.

São coisas guardadas dentro do meu coração, das quais não consigo compartilhá-las com mais ninguém, pois, na vida real, quando ousamos falar de nossos problemas para alguém, por menores que sejam, a pessoa da qual dividimos nossos anseios olha-nos com desprezo, como se fosse um insulto nos atrevermos a dizer nossas aflições.

Às vezes, tudo o que apenas precisamos é de um bom ouvinte. 

E como será um desabafo meu, a postagem ficará muuuuitooo longa. Talvez hajam alguns erros, pois estava um pouco emotiva quando digitei o post. 

Lembro-me assim que me tornei regente do grupo de jovens da igreja. Foi a pior experiência da minha vida. Eram desobedientes, tagarelas e barulhentos. Tentei recorrer à mulher do pastor, e disse o que passava-se nos ensaios do grupo, que nunca prestavam atenção na música e ensaiavam de qualquer jeito, porém, minha queixa foi jogada no lixo, porque a filha e o filho do pastor faziam parte do grupo de jovens, e a mulher do pastor achou inadmissível que seus filhos fizessem parte de algum tipo de balbúrdia. Saí do grupo assim que completei seis meses de gestação. Era estressante demais ter de suportar aqueles jovens e os hormônios, febre, dores de cabeça, tonturas e náuseas da minha gravidez.

E sabe o que a mulher do pastor disse pelas minhas costas: que eu era fraca. Que eu estava apenas colocando "desculpa" na minha gestação para fugir de uma tarefa que "Deus havia me dado". Nunca senti-me bem sendo regente do grupo de louvor dos jovens. Não era o chamado que o Espírito Santo havia me entregado, mas sim, a tarefa de um homem que não tinha mais ninguém e jogou-me um fardo nas costas. O pastor não havia me indicado o cargo porque eu era "boa" ou porque sabia o que estava fazendo ou porque ele confiava em mim. Ele deu-me o cargo porque não havia mais ninguém disponível. Eu era como o último biscoito do pacote, que ao contrário do que muitos pensam, o último biscoito não é o mais almejado. O último biscoito é o pior de todo o pacote. Esfarelado, rachado, moído e muitas vezes, descartado fora junto ao pacote.

Era assim como eu me sentia. 

Até aqui, não deixei que isso me abalasse. Continuei frequentando a igreja, e fiquei longe de assumir algum cargo. Isso mudaria futuramente e eu ficaria sobrecarregada. Contarei mais a frente.

Aconteceu, então, uma comemoração para celebrar o aniversário da igreja. O primeiro de muitos. O pastor encarregou-me de imprimir panfletos, os horários de cada apresentação e elaborar a logomarca da festa. Passei uma noite inteira, junto ao meu marido, imprimindo os folhetos, gastando a tinta de minha impressora. Quando eu tinha uma ideia de como poderia ser a logomarca, era trucidada pela arrogância do pastor. Assim que acabei, acha que ao menos recebi um tapinha nas costas? 

Tudo o que ganhei foi um ríspido: "Já estava na hora."

Fiquei irritada. Lógico que tudo que fazemos temos de dar glória a Deus, contudo, o pastor não deveria ter agido de forma tão rude. Eu não era empregada dele, eu não estava recebendo porcaria nenhuma, apenas perdendo meu tempo e gastando tinta de impressora a toa (que, caso não saibam, tintas de impressoras são absurdamente caras!). Estava apenas fazendo um favor a ele. Aquilo também não abalou e risquei aquela grosseria da minha mente.

Ocorreu o aniversário do Círculo de Oração, e como haviam poucas mulheres que participavam do tal grupo, a mulher do pastor tentou forçar-me a entrar sem levar em conta a minha opinião. Como eu não tinha emprego, na cabeça dela, eu era uma desocupada. Nunca levou em conta que eu tinha um filho pequeno para cuidar.

 Juntamente à cunhada dela, encomendou várias jaquetas e saias vermelhas (que eram simplesmente horrorosas demais). A situação financeira de meu marido não era nada boa, e nessa época, morávamos de aluguel, metade do dinheiro ia parar nas mãos do senhorio, e abrigamos a avó doente de meu marido em nossa casa. Uma das "irmãs", logo disse que pagaria pelo meu uniforme, mesmo eu dizendo que talvez eu não fosse participar da festa de aniversário do Circulo de Oração, pois novamente, tinha uma criança pequena em casa e uma avó doente.

Óbvio que minhas palavras foram jogadas ao vento, e o tenebroso uniforme vermelho me foi entregue uma semana depois. Fizeram tal gesto pelas minhas costas, sem meu consentimento, porque queriam passar a imagem de "irmãs unidas que importavam-se umas com as outras". Eu até acreditaria nessa balela, isso se eu tivesse apenas dois neurônios. Passada a festa – que cá entre nós, foi um completo desastre –, escutei alguns cochichos da mesma "irmã de alma pura e generosa que havia pago pelo meu uniforme", de que eu não havia PAGO à ela. Isso mesmo que você leu! Ela esperava que eu reembolsasse os cinquenta reais do uniforme. Cochichou com a mulher do pastor, que precisava urgente do dinheiro e que havia se arrependido de tê-lo gasto comigo.

Aquilo fez meu âmago ferver em fúria. Nunca foi uma boa ação de sua parte. Ela esperava que eu lhe agraciasse com dinheiro, mesmo tendo lhe dito que eu não queria o bendito uniforme. Contei ao meu marido, e na noite seguinte, ele pagou ela, tirando dinheiro de nossas escassas economias. Essa tal irmã até tentou falar comigo algumas vezes, mas eu estava tão ferida, tão magoada por ver que ela estava agindo de má-fé comigo, que afastei-me dela e das outras participantes do Círculo de Oração. Eu passei a agir no automático. Ia à igreja, conversava com Deus, louvava baixinho, e quando acabava o culto, tomava meu filho nos braços e esperava meu marido terminar de guardar os equipamentos técnicos, porque ninguém guardava os microfones, apagava as lâmpadas, ou desligava a mesa de som, deixando tudo nas costas de meu marido.

E foi assim por quatro anos.

Houve a vez em que a mulher do pastor simplesmente surtou, e despejou sua fúria em mim, tudo porque uma dor de cabeça impedia-me de continuar no Culto das Mulheres. 

Vou contar o que aconteceu:

Algum tempo depois, desistindo de pagar aluguel em um preço estratosférico e sem condições de cuidar de uma criança e de uma idosa doente, meu marido e eu, convidados pelo pastor, fomos morar na parte de cima da igreja, cujo prédio funcionava como um sobrado. Embaixo, ficava a igreja, e em cima, a nossa "casa", que era um lugar repletos de janelas, com dois quartos, sala, banheiro, cozinha, e com uma ótima tendência a ficar alagada quando chovia. A intenção do pastor não era nos acolher em um novo lar, e nos fazer fugir do pesaroso aluguel. Até eu mesma pensei isso quando fomos morar lá. Seu objetivo era de nos fazer seus escravos. Simples assim. Não precisava mais fazer as "irmãs" se revezarem para limpar o prédio, ele tinha a mim e ao meu marido (que estava afastado do trabalho devido a sérios problemas de saúde), que limpávamos o prédio de cabo a rabo.

Parando para pensar, como eu era trouxa. Uma ovelhinha obediente rumo ao abate.

 Tá, mas o que isso tem a ver com a "irmã" surtada? 

Depois de uma tarde INTEIRA limpando a igreja e o banheiro imundo (porque os jovens não sabiam dar a descarga, creio que correria o risco de seus preciosos dedinhos caírem caso fizessem tal ação ), e extremamente CANSADA e com uma enxaqueca terrível, esperei o Círculo de Oração para entregar-lhes a chave da igreja. Disse que subiria para a minha "casa", pois estava esgotada. Entreguei a chave. Ela consternou, falou que eu deveria ficar lá embaixo, porque eu era "mulher de auxiliar", que eu estava envergonhando o Círculo de Oração porque nunca participava. Naquela hora, eu quase chorei. No momento, eu não disse nada para ela, apenas deixei ela falando sozinha. As palavras dela me feriram mais do que qualquer outra coisa no mundo, e eu só queria que aquela mulher de voz fininha e irritante, evaporasse de minha frente, pois só estava piorando minha dor de cabeça.

Subi. Nesse momento, vovó estava na sala, vendo TV, quando a mulher do pastor subiu sem permissão, e entrou no meu quarto, aos gritos, dando-me sermão, como se fosse A MINHA MÃE. Quem ela pensava que era? Passei horas e mais horas me desgastando fisicamente limpando a igreja, (pois tenho problemas na coluna e não posso fazer nenhum esforço, por menor que seja), e ainda tinha que ouvir que eu era a vergonha do Círculo de Oração, sendo que eu nem participava daquela joça, e quando eu participava, apenas tinha de desperdiçar horas e horas de minha vida, vendo as "irmãs" tagarelando sobre futilidades. Jogou na minha cara, que se não fosse por causa do marido dela, eu e a minha família estaríamos morando debaixo da ponte. Eu não precisava daquele desgaste moral. Naquele momento, só desejei que ela calasse a boca e despejasse sua falsa moralidade em seus filhos patéticos.

 Depois de cuspir um monte de besteira, ela desceu, e bateu o portão com tanta força que a vovó pensara que eu tinha brigado a sério. Tentei acalmá-la e disse que era um mal entendido. Chorei um bocado naquela noite, e quando meu marido chegou do trabalho, estava deitada, fingindo estar dormindo, quando a minha cabeça estava prestes a explodir do tanto de raiva que eu fiquei das coisas que passou-se horas antes. Da humilhação e da minha incapacidade de responder aquela maldita mulher.

E mesmo depois de toda a humilhação, eu continuei indo à igreja. Minha fé tornando-se morna, quase morta. Outrora eu, uma garota cheia de expectativas, que louvava a Deus a plenos pulmões, tornei-me uma mulher que era apenas a sombra do que já fui um dia.

Uma vez, o pastor pediu 400 reais ao meu marido, para pagar o próprio aluguel, e mesmo sabendo de nossa situação financeira, pegou o dinheiro emprestado do meu marido e NUNCA devolveu. 

Ou às vezes em que eu queria louvar a Deus, mesmo não tendo lá essas vozes, mas era vítima de risinhos alheios.

Houveram MUITAS OUTRAS COISAS, cada uma delas, destroçando-me por completo, fazendo-me perder a fé nas pessoas.

E, também, quando ganhei o sorteio da igreja, e foram dados para mim, 3 míseras barras de chocolates. Escutei uma das irmãs dizendo que agora eu ficaria "gorda" de vez e explodiria de tanto comer chocolate. Vocês não sabem como aquilo me quebrou. Sempre tive problemas com a minha autoestima e com a minha aparência. Desde pequena, eu era meio robusta e lutei muito para perder peso. No meu resguardo, ganhei muito peso devido a gravidez. De 50 quilos passei a pesar 74 quilos (estou lutando até hoje para retornar ao meu peso normal, e graças aos Céus e com muito esforço, perdi nove quilos, mas ainda estou na luta). Então, ouvir aquela pessoa dizendo aquilo, que eu ficaria gorda e explodiria, me fez querer esconder-me do mundo mais uma vez. Retornei a ser uma garotinha de 12 anos que tinha receio pelas opiniões e olhares alheios.

Sei que é frustrante tudo isso que acabei de descrever, mas eu passei por cada acontecimento tétrico em silêncio, e desejo que nenhum de vocês que estiver lendo isso, passe por tais coisas. E se estiver passando, por favor, desabafe com alguém. Não guarde tamanho peso para si.

Igreja é um lugar para adorar a Deus, e não para que homens megalomaníacos façam o que bem entender. 

Pessoas abusivas e tóxicas existem em qualquer lugar. Isso não depende do fator religião, gênero, cor de pele ou tamanho. O mau caráter não tem forma.

Acabei por perder a minha confiança nas pessoas. E não creio que tão cedo, ela vá se restaurar.

Não desejo nada de mal a nenhum deles, apenas quero que revejam seus paradigmas distorcidos e percebam quantas almas estão sendo desviadas do caminho certo, por causa de suas idiotices e hipocrisias.



Comentários

  1. Anônimo14:50

    Adorei o post...♥

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  2. Sou cristã e amo MJ. Se tem uma coisa era ser humilde, em nenhum momento ele quis ser melhor que Jesus e nem zombou de Deus, ele sempre foi uma pessoa de fé e sempre foi contra muitas maldades do mundo. Michael fez diversas cirurgias no nariz porque ele ficou com trauma de que seu pai falava quando o mesmo era criança. Michael nunca zombou ou brincou de Deus, ele sempre diz que ele sente feliz em fazer o que Deus parece lhe mostrar a fazer, Mike nunca abusou de uma criança e sempre seguiu a bíblia, é um homem de fé e espiritual, se você não enxergou isso, está julgando as pessoas pelo o que a mídia mentirosa disse. Ser alienado.

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    1. Do nada a imbecil começou a falar sobre MJ. kkkkkk Cê tá bem, criatura?!

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  3. Sou cristã e amo MJ. Se tem uma coisa era ser humilde, em nenhum momento ele quis ser melhor que Jesus e nem zombou de Deus, ele sempre foi uma pessoa de fé e sempre foi contra muitas maldades do mundo. Michael fez diversas cirurgias no nariz porque ele ficou com trauma de que seu pai falava quando o mesmo era criança. Michael nunca zombou ou brincou de Deus, ele sempre diz que ele sente feliz em fazer o que Deus parece lhe mostrar a fazer, Mike nunca abusou de uma criança e sempre seguiu a bíblia, é um homem de fé e espiritual, se você não enxergou isso, está julgando as pessoas pelo o que a mídia mentirosa disse. Ser alienado.

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    1. Anônimo22:43

      O Mônica..vai lá correr atrás do cebolinha que vc ganha muito mais tá o sua ridícula.

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    2. Tá, querida, mas o que o relato da Sammy sobre suas experiências abusivas com a mulher do pastor TEM A VER COM MICHAEL JACKSON? Vc tirou isso do c* só pode!

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    3. Essa dai é uma capivara burra. Deve ser ovelhinha de igreja.

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    4. "Ovelhinha de igreja" BERROOOO

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    5. Retardada do caralho.

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    6. Lava a sua boca com sabão quando for falar do meu MJ. Sua sem noção.

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    7. Que comentário inútil.

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    8. Você é maluca, é? Ou é idiota? Cadê seus estudos?!

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  4. Anônimo10:39

    a salvação ´e individual

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    1. Sim, a salvação é individual, mas tem muito indivíduo que faz a gente perder a salvação.

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  5. Só Deus sabe o que vc passou. Ninguém é apto pra julgar.

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  6. ficquei tão triste quando li seu relato... a mulher do pastor é uma escrota.

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  7. Também sofri muita represália em igreja.Hoje estou livre desta seita.

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  8. Na moral quem ficou do lado da mulher do pastor e quem leu isso e ainda quer ter o direito de te corrigir e se meter na tua vida, não tem alma não.

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  9. Deus está muito além de um templo fechado feito por homens pecadores. Nós somos o templo de Deus. Nós. E onde quer que você esteja, Deus estará contigo.
    Graça e paz, irmã.

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  10. A mulher do pastor é uma escrota. Sim ou com certeza?

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    1. CLARO QUE SIM

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    2. Ainda tem dúvidas?? Já enfrentei demônios assim na minha vida também.

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    3. Diabo é fichinha perto dessa louca.

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  11. Deus sabe o que se passa no seu coração. Nenhuma folha cai sem permissão dele. E tenho certeza que seu sofrimento será recompensado. Bjs.

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  12. As igrejas afastam mais as pessoas do que os próprios ateus. Depois da pandemia, parei de ir à igreja. Só estou orando em casa mesmo. Só eu e Deus.

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  13. Fico tão triste quando a igreja é pior que o mundano. E quando zombam de uma pessoa depressiva, dizendo que depressão é frescura?! É pracabá.

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  14. Não somos ninguém para julgá-la. Se vc acha que fez o certo, fé em Deus que um dia vc encontra uma igreja decente. Deus nunca deixa um filho seu na mão. Abraços.

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  15. Vc aguentou muita coisa cara, eu não sei se teria essa paciencia que vc teve por ANOS, mas quando se tem familia ai não só nossa vontade não é mesmo?

    Eu ja fui pra igreja, tive meus motivos pra sair e não ter mais nem um pingo de vontade de voltar. Mas sempre tive e sempre vou ter fé em Deus e acredito na salvação da minha alma, indepedente do que qualquer fanatico por igreja diga, pois não precisamos da igreja pra orar ou falar com Deus, mas vc ja sabe disso e ainda bem.

    Espero que esteja td bem agora com vc e sua familia, e que vc esteja morando em uma casa que vc pode chamar de sua de verdade. Vc é foda, sempre se lembre disso.

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    1. É aquela coisa né?! Às vezes, temos que engolir alguns sapos. Mas hoje não faço mais isso. Nada mais vale que a minha própria dignidade;

      Esse comentário me fez me sentir bem melhor. Obrigada.

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