Pular para o conteúdo principal

Livro: Despedaçados



Título original: ----
Autora: Vivian Lemos
Páginas: 235 páginas
Editora: Independente (até o momento em que o livro foi resenhado).
Ano: 2020

Sinopse: Duas vidas despedaçadas. Um encontro que pode mudar tudo.
Lauren tem um passado doloroso. Ela sempre acreditou que não era boa o bastante e depois de se libertar de um relacionamento traumático, encara uma jornada de autoconhecimento, em um país diferente, em busca de sua autoestima.
Thomas é um jovem professor universitário que teve um contato precoce com a perda, e isso o fez se fechar para qualquer possibilidade de novos relacionamentos. Sua vida entrou em um marasmo confortável e ele achou que era assim que ia viver o resto dos dias.
Até que um encontro entre essas duas vidas despedaçadas pode mudar tudo. Em comum eles têm a paixão pela literatura, que é uma tábua de salvação para os dois. Por meio de poemas e clássicos da literatura, eles descobrem uma conexão que jamais imaginaram ser possível. Será que duas pessoas tão castigadas pela dor e pela perda podem se conectar e redescobrir sentimentos que até então estavam adormecidos?


Vi muitas pessoas elogiando esse livro. Muitas mesmas. E diferente de algumas, que ofenderam-se por ter uma autora brasileira escrevendo sobre personagens estrangeiros, este fato pouco apeteceu-me pois é completamente irrelevante como um todo. Digo, é literatura. Apenas isto. Por que ofender-se se tal personagem possui uma nacionalidade diferente da sua? Em quê isto mudará em sua vida?! É uma infantilidade sem tamanho, devo acrescentar.

No entanto, diferente das várias pessoas que elogiaram a obra desta autora, não consegui conectar-me com o livro em momento algum. Admito que ele contenha algumas passagens escritas de forma muito  bela e com muito esmero, isso é visível, porém, ao longo do tempo isso torna-se bem cansativo, e não é nem ao menos um livro longo, pois contém apenas 235 páginas.

Em Despedaçados, conhecemos a história de Lauren Gordon, que está presa em um casamento miserável, e Thomas Keith, um professor que acabara de perder a esposa. Creio que a sinopse conte muito mais do que realmente devia.

O livro tem uma linguagem um pouco poética demais, o que foi um problema para mim, porque sei que vai parecer a revelação mais chocante do mundo, mas eu não gosto de poesia. Nunca consegui gostar e culpe minha professora de Literatura da terceira série por isso.

Ainda nos capítulos iniciais, Lauren, que é voluntária da biblioteca pública da cidade, é acompanhada até em casa por um colega (este sendo casado e tendo uma filha ー detalhe importante), quando é abordada por um Graham possuído e fervilhando em ciúmes. Lauren o enfrenta, então, subitamente ele a ataca, desfigurando-a, deixando Lauren entre a vida e a morte. Ela escapa de um destino trágico porque, quase perdendo a consciência, consegue enviar uma mensagem de socorro para a irmã. 

Deves pensar que depois do que ocorreu à Lauren, seus pais a acolheriam e a afastariam do marido psicótico. Óbvio que não. Os pais tapados dela veem tudo aquilo como uma pequena discussão entre marido e mulher. Nem preciso dizer que a personalidade discrepante dos pais de Lauren irritou-me. Eles são tão estúpidos que há momentos em que refleti que pessoas com aquele tipo de caráter jamais existiriam na vida real. 

Fica evidente que Lauren nunca gostou de Graham, e somente noivou e casou-se com ele porque todos diziam para ela, que Graham era "bom demais para ela", "que ela nunca conseguiria casar com um homem tão bonito quanto ele". Ela sempre foi diminuída por todos ao seu redor, e levando em conta a opinião alheia e concordando que ela era "inferior" a Graham, caiu de cabeça em um casamento falido e problemático.

Temos o lado do Thomas, mas não há muito o que falar sobre ele. Ele gosta de livros, gatos, é um homem cortês, e que está em um visível e agravante estado depressivo devido a morte da esposa.

O livro nos passa a ideia de Lauren será a cura para Thomas e vice-versa, até este ponto achei tudo "okay", mesmo discordando que uma pessoa nunca deve apoiar-se na outra para sanar as feridas profundas de uma desilusão em sua vida. Isso não me incomodou. A amizade de Lauren e Thomas é aceitável e gostei muito da maneira como eles mostravam interesses pelos hobbies um do outro. Acho louvável que não houve amor à primeira vista aqui, porque como bem sabem, detesto este tipo de narrativa, por isso, gostei muito mais de quando Lauren e Thomas tratavam-se como amigos do que quando uma fagulha de paixão surgiu entre eles. Podiam ter contado a saga deles em mais livros para desenvolver melhor a relação dos dois. Seria uma maneira melhor.

Agora, vou listar algumas coisas que me desagradaram na história. 

Uma coisa que aborreceu-me foi em uma certa passagem que narra o dia em que Lauren causou com Graham. Ele simplesmente a esbofeteou quando ela descobriu uma provável traição, e seus pais ficaram do lado dele. Olha, eu tenho limites, sei que isso pode acontecer em uma eventualidade, mas a forma como foi descrita, os pais de Lauren "passando pano", com frases soltas jogadas ao vento, para o agressor foi tão irrealista que por mais que tentasse imaginar uma situação daquela forma, não consegui. Em que século se passa a história mesmo? Porque tive a impressão de que isso se aplicaria a qualquer outro século, exceto o nosso. 

Outra coisa, é a tal citação "masculinidade tóxica". Você não precisa escrever tal sentença no livro para que o leitor tenha a ideia de como é a personalidade do personagem. Você já descreveu o caráter de Graham, já nos mostrou as suas atitudes e em como ele é um ser perverso, não precisa martelar na mesma tecla repetindo uma frase. Show, don't tell! Sei que você é uma pessoa boa com as palavras, não necessitava escrever  tal frase, quase tornando-a um bordão.

Sabemos que Thomas é o homem sensível que trata a sua companheira como uma lady, que Graham é um maldito troglodita, quase um demônio, então por que cargas d'água ficar a compará-los a todo instante? Senti-me uma criança a cada vez que lia passagens como, por exemplo: "Oh, Thomas é tão gentil e bonzinho, diferente do Graham, aquele macho escroto e tóxico".



Isso cansou-me de uma forma que quase abandonei a leitura. Todavia, desembolsei meu suado dinheirinho para comprá-lo e fiquei tentada em saber, até onde aquela história iria levar-me...

Se Graham é quase um Hitler, Thomas é verdadeiramente um anjo que só faltou-lhe um par de asas. Não quero parecer insensível ou coisa do tipo, sei que devem haver pessoas como ele no mundo, porém, a forma como foi descrita as qualidades de Thomas foi quase como se o mundo não fosse digno de sua existência. Ele é britânico, gosta de livros, gosta de gatos e é um verdadeiro cavalheiro. Tão perfeito que enjoa.  

Há passagens escritas de forma confusa. Um exemplo, é quando Thomas observa Lisa tentando pegar um filhote de gato que estava nos arbustos. Tive de reler o parágrafo umas cinco vezes para perceber que se tratava de uma lembrança do moço. 

Alguns capítulos são completamente apressados, e poderiam muito bem serem melhor trabalhados. Fora que existem diálogos que poderiam facilmente cortar da trama.

Por fim, não tenho muito o que falar. Espero que a autora veja os pontos fortes e fracos deste livro, e que possa os polir em suas futuras obras, sem jargões que predominam a internet e que em pouco tempo serão esquecidos, e nada mais serão que um mera nota de rodapé. Ademais, que esteja aberta a ouvir críticas também, pois nem só de elogios açucarados vive o homem.

Talvez um dia eu vá relê-lo e avaliá-lo com outros olhos, mas a primeira impressão é realmente a que fica. 
¯\_(ツ)_/¯

Um adendo: achei demasiado exorbitante o preço da versão física deste livro. Acabei adquirindo-o através de edição digital, contudo, sei que existem pessoas que gostam de comprar livros físicos para enfeitar em suas estantes. Fica um alerta. 54 reais em um livro físico é um abuso. O último livro que paguei caro dessa forma (Amanhecer da Stephanie Meyer) acabei arrependendo-me amargamente.

No mais, Despedaçados acabou despedaçando-me em desapontamento.



Comentários

  1. Ebaa !
    Continua ...
    Siim, e porque mesmo era o smile de Júlia ?
    Hum ..
    Beijãaao San.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Kelly, que bom te ver por aqui ^.^
      Huummm, digamos que a Júlia está vendo novos horizontes...
      Acompanhe o próximo capítulo♥

      Excluir
  2. Clara com ciúmes?? Segure isso menina, o Felipe não gosta da Mila não! kkkk
    Esperando o capitulo 20! Felipe o "professor"! kkk
    Beijos San♥

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Né?! Ela tem que ler o capítulo 12 para saber de quem o Felipe gosta, kkkk.
      "Felipe o professor?" Gostei. Assim ele vai fazer a Clara ter mais interesse nos estudos.
      Beijos Ann Lee

      Excluir
  3. Olá,
    Minha primeira vez aqui, e tudo muito lindo, parabéns,
    Te seguindo
    Bjos
    www.cantinhorestaurado.blogspot.com

    ResponderExcluir
  4. Pensei que era só eu que tinha detestado esse livro. Achei patética, insosso, e fora a lacração que tem nele; Quero ler um livro e não uma cartilha progressista. Pior que eu sei que daqui para frente só terá idiotices como estas.

    ResponderExcluir
  5. Gostei de como vc analisou os pontos. Muito bom.

    ResponderExcluir
  6. kkkkk essa gif é meu espírito animal.

    ResponderExcluir
  7. pq se torturar dessa forma ?

    ResponderExcluir
  8. Por isso que eu gosto das suas resenhas. Você não afaga o ego de ninguém e aponta tanto as falhas quanto os acertos. Parabéns.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Deixe seu comentário. Adoraria saber a sua opinião. 😍

Postagens mais visitadas deste blog

"Koe no Katachi", uma voz silenciosa que achega ao coração.

"A Menina que Roubava Livros" - resenha 10 anos depois

Livro: Boneca de Ossos

Livro: Pigmalião