Coraline - 15 anos depois.

Nome original: -------

Ano: 2009

Direção: Henry Selick

Sinopse: Enquanto explora sua nova casa à noite, a pequena Coraline descobre uma porta secreta que contém um mundo parecido com o dela, porém melhor em muitas maneiras. Todos têm botões no lugar dos olhos, os pais são carinhosos e os sonhos de Coraline viram realidade por lá. Ela se encanta com essa descoberta, mas logo percebe que segredos estranhos estão em ação: uma outra mãe e o resto de sua família tentam mantê-la eternamente nesse mundo paralelo.

👩🏻🪡🐈‍⬛🗝

"De jeito nenhum vou deixar você colocar botões nos meus olhos!"

Quinze anos depois e Coraline continua a ser um primor visual. 

Ei, aqui é a Sammy. Faz um tempo que não escrevo uma crítica, hein? Ah, bem, aqui estou eu, escrevendo uma crítica do (agora) clássico  Coraline do fabulosos Laika Studios para vocês, justo no Dia das Bruxas. 🪄🦇🧹 ⚡️🧙🏻‍♀️👻🎃🍂🍁🕯️

Peguem seus doces e sigam-me os bons! 

Dois anos atrás eu falei sobre o livro, que a propósito eu adoro, então, agora é a vez de falar sobre o filme. Caramba! Como o tempo passa rápido.

Dirigido pelo mesmo sujeito que criou o fantático O Estranho Mundo de Jack, Henry Selick, filme este que eu não perdi uma só exibição quando reprisava no SBT, Coraline tem muitas semelhanças com o já citado filme. Para começar, o filme tem um visual deliciosamente esquisito, pois joga personagens e cenários surreais e assustadores em você. Esse fator estranho é, na verdade, um aspecto extremamente importante e maravilhoso de Coraline.

É maluco desde o começo, e a grande multidão de coisas estranhas e maravilhosas que o filme traz à mesa significa que nada pode estar fora de questão, e nada pode ser muito ridículo, o que significa que o filme pode sair do controle o quanto quiser, e você vai simplesmente pegá-lo e ficar boquiaberto. É como uma miragem constante de arrepios, e a animação magistral o torna algo impressionante, mantendo os aspectos estranhos dele fundamentados e não tão insanos a ponto de você perder a paciência com ele.

E sobre o que é Coraline? 

Para aqueles que ainda não foram apresentados a este mundo, Coraline, baseado (em algumas partes) no livro homônimo de Neil Gaiman, é uma animação sombria e intrigante que conta a história de Coraline Jones, uma menina curiosa e aventureira que se muda com seus pais para uma casa antiga e misteriosa. Sentindo-se negligenciada e entediada, Coraline explora a nova residência e descobre uma porta secreta que leva a uma versão alternativa e assustadoramente idealizada de sua vida: o Outromundo.

Aqui vai um "resumo" cheio de spoilers:

Coraline começa com Coraline Jones, uma menina espirituosa e inquieta que acabou de se mudar para um casarão antigo e isolado, o Palácio Cor-de-Rosa, com seus pais, que estão sempre ocupados e, na visão de Coraline, indiferentes às suas necessidades. Ela se sente ignorada e entediada, ansiando por algo que traga vida e alegria à sua nova casa.

Enquanto explora o casarão, Coraline conhece seus vizinhos peculiares: Mr. Bobinsky, um trapezista russo excêntrico que treina ratos acrobatas, e as ex-atrizes britânicas Miss Spink e Miss Forcible, que vivem no porão e criam terriers. Ela também conhece Wybie, o neto da dona do casarão, um garoto misterioso e falante que lhe dá uma boneca feita sob medida, muito parecida com ela.

Em uma de suas explorações, Coraline encontra uma porta minúscula e trancada, coberta por um papel de parede velho. Sua mãe abre a pequena porta com uma peculiar chave que tem um botão, mas para a decepção de Coraline, a porta está bloqueada por uma parede de tijolos. Porém, à noite, depois de ser acordada por camundongos, curiosa, ela decide abri-la e descobre que a pequena porta leva a um portal para um universo paralelo, uma cópia idealizada e colorida de sua própria casa, onde tudo parece mais vibrante, com os móveis mais bonitos e a comida mais saborosa.

Gosto dessa imagem. A primeira, mostra Coraline infeliz com sua verdadeira família, e a segunda, mostra ela feliz com sua falsa família. Atenção nas cores usadas.

Nesse outro mundo, Coraline encontra uma versão alternativa de seus pais, chamados Outros Pai e Outra Mãe. Esses pais são aparentemente perfeitos, gentis e afetuosos, sempre dispostos a mimá-la e lhe dar atenção. No entanto, há algo estranho: eles têm botões negros no lugar dos olhos. Mesmo assim, Coraline sente-se encantada e começa a visitar esse mundo com frequência.

Conforme os dias passam, o Outromundo revela-se cada vez mais sombrio e sinistro. A Outra Mãe tenta convencer Coraline a ficar ali para sempre, mas com uma condição perturbadora: ela deve costurar botões no lugar de seus olhos. Coraline, finalmente percebendo o perigo, recusa a oferta, mas a Outra Mãe se torna violenta, revelando-se como uma criatura sombria e controladora, que quer consumir a essência das crianças que captura.

Ela se torna cada vez mais apaixonada por esse mundo de sonho, tudo está melhorando para ela, tudo está ficando mais estranho para o espectador, e a sensação de desgraça é exemplificada pelo ponto de realização em que Coraline percebe que o mundo não é tão perfeito quanto ela pensava que era. Então, tudo fica de cabeça para baixo.

Desesperada para voltar ao mundo real, Coraline descobre que está presa. Ela começa a explorar o Outromundo em busca de uma saída e encontra três espíritos de crianças que foram capturadas pela Outra Mãe anteriormente. Esses espíritos, agora pálidos e tristes, contam que a Outra Mãe os enganou e roubou suas almas, assim como agora quer fazer com Coraline.

Com a ajuda de um gato falante, que consegue se mover entre os mundos e conhece bem o mal da Outra Mãe, Coraline elabora um plano para encontrar as almas das crianças perdidas e também salvar seus pais, que foram sequestrados e mantidos prisioneiros pela Outra Mãe. Enfrentando desafios e resolvendo enigmas, Coraline reúne coragem e inteligência para vencer a Outra Mãe, derrotando-a no final.

Depois de um confronto final, Coraline consegue retornar ao mundo real, mas a ameaça da Outra Mãe ainda a assombra. Em um último ato de coragem, Coraline destrói a chave do portal, garantindo que a Outra Mãe nunca mais a atormente.

Ao final, Coraline sente-se mais conectada a seus pais e à sua vida no Palácio Cor-de-Rosa, encontrando uma nova apreciação pelos vizinhos e por sua própria realidade, agora que sobreviveu ao Outromundo.

A animação é uma das melhores que já vi. Empunhando stop-motion do qual Aardman se orgulharia, parece pouco ortodoxo e desajeitado, mas neste incrivelmente charmoso e único. Há uma sensação muito direta, com as animações faciais e corporais dos personagens quase tendo muita expressão, mas, isso é outra coisa que lhe dá esse aspecto de singularidade.

Além disso, há uma sensação de grandeza inspiradora no filme, com os cenários sendo intrincadamente detalhados e sempre impressionantes. É geralmente escuro e sombrio, enfatizando o sentimento de frustração por Coraline, mas há um ótimo uso de cor e contraste ao longo do filme, tornando-o impressionante e muito bonito — é honestamente um dos filmes mais bonitos que já vi.

De qualquer forma, além de algumas vozes ligeiramente desafinadas, não consigo encontrar muitas falhas em Coraline . Para um filme de stop-motion, é genuinamente bem assustador em alguns pontos, quero dizer, não é exatamente um terror que bombeie adrenalina, mas, sabe, para um filme que é marcado como "infantil" é impressionante. Os visuais, o tom, o enredo e a direção se juntam no filme para formar um todo incrível, que ganha vida em seu clímax.

A progressão gradual do filme é bem feita, pois torna esse ponto de compreensão ainda mais eficaz, transformando a estranheza em algo realmente envolvente e, na maior parte, imprevisível.

Gosto de como o tema principal do livro é sobre coragem, enquanto que no filme, é algo diferente, e até mesmo mais profundo: a aceitação da sua realidade para alcançar a felicidade, afinal, de nada vale fugir para um universo repleto de mentiras por aceitarmos quem somos ou quem são as pessoas ao nosso redor.

É fácil ver por que tantas pessoas se apaixonaram por Coraline. Mais proeminentemente, ele tem alguns dos melhores visuais que já vi em um filme, com sua intrigante e impressionante animação stop-motion, senso de grandeza e tom gótico marcante. Com seu aspecto maluco, é um filme único, e em sua progressão, clímax e escrita inteligente, é um filme envolvente do começo ao fim, sempre jogando coisas novas para você, todas elas sendo incríveis. E é revigorante testemunhar que depois de tantos anos, esse filme continua sendo relevante e marcante para muitos, eu inclusa. 🐈‍⬛🧡