Filmes animados com finais agridoces

Esses dias, estive refletindo a respeito de como uma animação com um final agridoce pode marcar e muito a nossa vida, quer seja para o bem ou para o mal. 

Refleti em como haviam uma grande leva de animações com finais agridoces no passado, coisa que não se repete mais nos dias atuais, talvez, porque pensem que isso possam traumatizar os miúdos. 

Após assistir alguns filmes animados cujo final me deixou com um nó na garganta, decidi que eu precisava criar uma lista para explicar o motivo de achá-los tão tristes.

Lembrando que esta lista é apenas e totalmente a minha opinião. Dito isto, acompanhem-me nessa jornada e não esqueçam de seus lencinhos. Ah, e na dúvida, vou logo avisando que este post está CHEIO de SPOILERS. 🚨

Toy Story 3 - 2010.

Para mim e para muitos, Toy Story 3 é o verdadeiro encerramento da saga.

 No final do filme, Andy, o dono dos brinquedos, está se preparando para ir para a faculdade. Ele decide doar seus brinquedos para a pequena Bonnie, uma criança que vai cuidar deles. O motivo do final ser triste é porque os brinquedos de Toy Story, incluindo Woody, Buzz, Jessie, e os outros, têm que se despedir de Andy, seu dono de longa data. É um momento emocionante, pois representa o fim de uma fase da vida de Andy e o começo de uma nova jornada para os brinquedos. É um final agridoce, pois mostra a importância de seguir em frente, mas também traz a nostalgia e a saudade daqueles momentos compartilhados. 🎈😢

9: A Salvação (9) - 2009.

No final de "9 - A Salvação", os protagonistas, pequenos seres criados a partir de tecido, conseguem destruir a máquina que ameaçava sua existência. No entanto, durante a batalha, alguns dos personagens sacrificam suas vidas para garantir a segurança dos demais, deixando um sentimento agridoce de perda e sacrifício. O final é triste porque apesar da vitória, há um custo pessoal significativo para os personagens, pois são seres pequenos em um mundo imenso e desconhecido.

Todos os Cães Merecem o Céu (All Dogs Go to Heaven) - 1989.

No final de "Todos os Cães Merecem o Céu", Charlie, o protagonista, sacrifica-se para salvar sua amiga Anne-Marie e seus amigos caninos das garras do malvado Carface. Ele é levado para o céu, mas sente que não pertence lá sem Anne-Marie. Enquanto isso, Anne-Marie fica devastada pela perda de seu amigo. O final é agridoce porque embora Charlie tenha encontrado redenção, sua partida deixa um vazio para aqueles que o amavam.

Bernardo e Bianca (The Rescuers) - 1977.

Eu amava esse filme quando era criança, e assisti tantas vezes que a fita VHS chegou a romper-se e a solução foi ter de comprar outra. A música da Penny sempre me fazia ficar com os olhos cheios de lágrimas.

No final de "Bernardo e Bianca", os protagonistas, os ratinhos Bernardo e Bianca, conseguem resgatar a menina Penny das garras do vilão Madame Medusa. Eles a levam de volta para sua casa adotiva, onde ela é recebida com amor e gratidão. O final é feliz, pois os vilões são derrotados e Penny é salva, mas também há uma sensação de tristeza pela situação difícil que Penny enfrentou antes de ser resgatada. Muitos podem não achar o final desse filme agridoce, mas me deem um desconto, eu assisti pela primeira vez com seis anos de idade, e o sentimento que me marcou foi esse.

Duvido não se emocionar com essa música. Escutem essa pedrada.

Em Busca do Vale Encantado (The Land Before Time) - 1988.

Antes de Jurassic Park e World, tínhamos o Vale Encantado, e antes dessa franquia virar uma série de filmes bobinhos e sem alma, Em Busca do Vale Encantado já foi um filme melancólico e com momentos para lá de tensos. 

No final de "Em Busca do Vale Encantado", os jovens dinossauros conseguem encontrar o Vale Encantado, um lugar seguro e cheio de comida. No entanto, durante a jornada, um dos personagens, Littlefoot, perde sua mãe em um confronto com um Tiranossauro Rex. Apesar da alegria de encontrar um lar seguro, o peso da perda de um ente querido acompanha Littlefoot e seus amigos, tornando o final agridoce pela mistura de esperança e tristeza.

O que mais me entristece nesse filme é, também, quando fiquei sabendo a respeito da atriz mirim que faz a voz original da Patassaura, Judith Barsi, que também dublou Anne-Marie em Todos os Cães Merecem o Céu. A história de vida dela é de partir o coração. Que descanse em paz.

A Canção do Mar (Song of the Sea) - 2014.

Esse filme é simplesmente lindo, e custo a acreditar que ele já possui dez anos, e é um crime que esse filme quase não seja lembrado nos dias atuais.

No final de "A Canção do Mar", Ben e Saoirse, irmãos que descobrem serem selkies, criaturas místicas metade-humanas e metade-focas, conseguem restaurar a magia perdida no mundo. No entanto, para salvar a vida de Saoirse, que se tornou uma foca, Ben precisa abrir mão dela, permitindo que ela retorne ao mar. O final é agridoce porque, embora a magia seja restaurada e a irmã de Ben seja salva, ele precisa se despedir dela, trazendo uma mistura de alegria e tristeza.

O Cão e a Raposa (The Fox and the Hound) - 1981.

No final de "O Cão e a Raposa", Tod, a raposa, e Copper, o cão, enfrentam a difícil realidade de que suas diferentes naturezas os impedem de continuar sua amizade como antes. Embora ambos queiram manter sua amizade, eles percebem que o mundo ao seu redor não permite que eles sejam amigos próximos. O final é agridoce porque, embora os dois personagens tenham compartilhado uma bela amizade, são forçados a seguir caminhos separados devido às expectativas sociais e naturais, o que traz uma sensação de perda e nostalgia.

O Gigante de Ferro (The Iron Giant) - 1999.

"E se uma arma não quisesse ser vista como uma arma?", essa é a grande questão do Gigante de Ferro.

No final da película, o Gigante de Ferro, um robô alienígena, sacrifica-se para salvar a cidade e seus habitantes. Ele escolhe se auto-destruir para evitar uma explosão nuclear, provando que é mais do que apenas uma máquina de destruição. O filme se passa durante a Guerra Fria, época em que o mundo ficou cheio de tensão com medo de uma possível guerra nuclear. O final é triste porque, apesar de sua amizade com o menino Hogarth e seu desejo de ser bom, o Gigante ainda é visto como uma ameaça e é obrigado a tomar essa decisão final para proteger aqueles que ama, deixando uma sensação de perda e despedida. Ainda temos uma cena antes dos créditos que mostra que o robô está juntando suas peças outra vez, o que seria para uma continuação que nós nunca veremos. Curiosidade inútil: Vin Diesel faz a voz do Gigante de Ferro.

A Noiva Cadáver (Corpse Bride) - 2005.

No final de "A Noiva Cadáver", Victor, o protagonista, finalmente se casa com sua amada Victoria. No entanto, durante a cerimônia, Emily, a noiva cadáver, percebe que Victor e Victoria realmente se amam e decide deixá-los em paz, seguindo para o além. O final é agridoce porque, embora Victor e Victoria tenham seu final feliz juntos, há um toque de tristeza pela história de Emily, que encontra sua paz ao permitir que o verdadeiro amor floresça entre os dois protagonistas.

O Último Unicórnio (The Last Unicorn) - 1982.

No final de "O Último Unicórnio", o unicórnio, após recuperar sua forma original, enfrenta o malvado Rei Haggard e o Red Bull para libertar os outros unicórnios aprisionados. Embora ela tenha sucesso em sua missão, muitos dos unicórnios decidem não voltar ao mundo dos homens, deixando a protagonista sozinha no mundo humano. Apesar da vitória sobre o mal, o unicórnio experimenta a solidão, e há uma sensação de perda ao ver os unicórnios partindo, mesmo que seja para seu próprio bem.

Ringing Bell/Chirin's Bell (Chirin no Suzu) - 1979

No final de "Chirin no Suzu" (ou "Chirin's Bell"), Chirin, um cordeirinho, se torna um temido lobo após buscar vingança contra o lobo que matou sua mãe. Apesar de realizar sua vingança, Chirin percebe que perdeu sua inocência e aconchego do rebanho. Embora Chirin tenha alcançado seu objetivo, ele perdeu sua identidade e inocência no processo, o que traz uma mistura de sentimentos de realização e perda. Já falei sobre Chirin no Suzu neste blog, para ler sobre CLIQUE AQUI.

Túmulo dos Vagalumes (Hotaru no Haka) - 1988.

Poucos sabem, mas Túmulo dos Vagalumes é baseado em uma história real. Inspirado no conto semi-biográfico de Akiyuki Nosaka. 

No final de "Túmulo dos Vagalumes", Seita e sua irmã mais nova Setsuko, órfãos durante a Segunda Guerra Mundial, morrem de fome em um abrigo abandonado. A história é contada em retrospectiva por Seita, que lamenta as escolhas que levaram à morte prematura deles. O final é profundamente triste, pois mostra as consequências devastadoras da guerra e da perda, deixando os espectadores com um sentimento de pesar e reflexão sobre as tragédias humanas. Ambos são almas perdidas em uma Tokyo moderna. E, para os desatentos, o começo do filme meio que já dá spoilers sobre como será o final.

The Plague Dogs ‐ 1982 

No final de "The Plague Dogs", os dois cães, Rowf e Snitter, enfrentam muitos desafios e perigos enquanto tentam sobreviver na natureza. Eles são perseguidos por humanos e até mesmo por outros animais. No entanto, o final é um tanto ambíguo, deixando espaço para várias interpretações, mas é um filme que certamente evoca emoções e reflexões sobre a relação entre humanos e animais. Muitos acham que os cachorros se afogaram no oceano, alguns acham que eles conseguiram, enquanto a mim, só penso que aqueles cães mereciam o céu.

Kubo e as Cordas Mágicas (Kubo and the Two Strings) - 2016.

Esta animação com toda a certeza foi criminalmente injustiçada. Dói o meu coração saber que a bilheteria foi baixa, quase transformando-o em um fracasso monumental para o estúdio Laika (o filme teve um orçamento de 60 milhões e só lucrou 77 milhões, causando um grande prejuízo). No entanto, ele ganhou ótimas críticas, além de estar ganhando alguns fãs com o passar dos anos que sentem muito carinho por este filme.

No final de "Kubo e as Cordas Mágicas", Kubo confronta seu avô, o deus da lua, que deseja tirar seus olhos para torná-lo um deus imortal, pois seu avô despreza a natureza humana. Kubo, com muito esforço e determinação consegue derrotar seu avô (e suas tias que eram princesas da lua) fazendo-o redimir-se por meio de uma forma humana. No entanto, Kubo percebe que sua jornada o obrigou a se separar de sua mãe, que se tornou um macaco, e enfrentar a perda de seu pai, que havia se tornado um besouro-samurai com amnésia. Por mais que Kubo tenha conseguido restaurar a paz e o equilíbrio, ele também experimenta a dor da perda e do crescimento pessoal, deixando-o com um senso de amadurecimento e compreensão. Eu adoro o final desse filme. Muitos esperavam que os pais de Kubo voltassem à vida e ficassem com o filho, embora, para mim, eu não poderia achar esse final mais perfeito. Kubo é um contador de histórias, e suas histórias nunca tinham um final, e agora, em sua própria história, tem um final. Um final amargo? Com certeza, mas que o fará crescer e se tornar alguém melhor. Alguém que honre a memória de seus pais.

E esse foi o post do dia. E, admito, sinto saudades de quando filmes animados possuíam mensagens mais intimistas, flertando com o pessimismo e finais agridoces, até porque mostram às crianças que nem tudo na vida é preto e branco; há nuances e complexidades emocionais. Isso as ajuda a desenvolver uma compreensão mais ampla das emoções humanas e a lidar com sentimentos como tristeza, perda e esperança. Ao expor as crianças a situações desafiadoras ou tristes nos enredos das histórias, os finais agridoces ajudam a promover a resiliência emocional. As crianças aprendem que mesmo diante da adversidade, é possível encontrar força e seguir em frente, e muitas vezes levam as crianças, e até mesmo os adultos, a refletir sobre o significado da história e seus próprios valores. Isso pode estimular discussões familiares sobre temas importantes, como amor, perda, amizade e justiça.

Por hoje é só. Bom feriado e fiquem com Deus.