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O Namorado Perfeito.



Pela primeira vez, estou resenhando um mangá aqui no blog. Comprei três dos seis volumes que ainda restam deste mangá de teor um tanto "interessante". Contarei o que achei dele até aqui. Comprei cada exemplar por uma bagatela de apenas 2 reais. Pois é, dois reais! Achei os mangás por acaso na prateleira do mercadinho da esquina.

Sinopse: Riiko é uma estudante do ensino médio que quer um namorado que a ame incondicionalmente. Depois de ser rejeitada pela enésima vez, ela se depara com um serviço online que se oferece para criar a figura de namorado perfeita para ela e deixá-la experimentá-la por um tempo limitado. Pensando que é algum tipo de brincadeira, ela a preenche com todo tipo de opções (bom cozinheiro, inteligente, tarado, bonito, etc.). Quando a figura chega pelo correio no dia seguinte, ela fica surpresa ao descobrir que é mais humano do que ela jamais poderia imaginar.

Título Original: Zettai Kareshi.

Mangaká: Yuu Watase.

Capítulos: 35.

Ano: 20 de maio de 2003 a 5 de outubro de 2004.



Você gostaria de um namorado em uma caixa?

👱🏻‍♀️🧑🏻👱🏻‍♂️🤖 💕 


Essa situação de namorado em uma caixa é mais como algo que eu esperaria de um mangá shounen, só que nesse caso seria uma namorada em uma caixa e com certeza logo a história seria um arrastado ecchi. Eu esperava que isso tivesse alguns momentos mais indecentemente engraçados do que realmente teve (considerando que a entrega veio sem roupa!), Mas a maior parte da comédia tinha a ver com uma figura tentando agir o mais humana possível e se tornar o melhor namorado para o personagem principal, Riiko.

Riiko é uma adolescente desesperada para ter um namorado. A garota compra qualquer bugiganga que lê em revistas, com o aparato de "aumentar a sua beleza". Ela é vizinha de um rapaz centrado e inteligente, Soshi, um amigo de infância, que de vez em quando precisa tomar de conta dela porque a mocinha é um tanto desastrada e meramente inútil, no entanto, Soshi gosta dela desta forma.

Cansada das rejeições que sofre pelos garotos da escola, Riiko é abordada por um vendedor excêntrico na rua e acaba por encomendar um namorado perfeito para ela.

A história não se trata apenas de se apaixonar por um robô. Há outro homem na vida de Riiko que também almeja sua atenção, o próprio Soshi. Então, se você estava pensando, e apenas esperando por um romance cafona envolvendo um humano e um robô (nota: Night nunca é chamado de robô, mas de "boneco", pois a própria autora considerou a palavra robô forte demais para um personagem com aparência humana, então daqui para frente vou chamá-lo somente de boneco), não é só isso. Este triângulo amoroso ocupa a segunda metade do mangá e mostra o que é o amor para um colegial. Há aquela pressão para ser alguém que vale a pena querer e a luta para encontrar alguém que possa querer aquela bagunça que é você. 

Dito isto, é mais fácil encontrar aceitação e amor de um boneco que foi feito para amar você?



Night esta disposto a fazer qualquer coisa por Riiko, até mesmo trabalhar como garoto de programa (❗️❗️) Então, surge a breve questão: Night está verdadeiramente apaixonado por ela, ou só faz aquilo que lhe programado?

Além dos momentos românticos sérios, havia os momentos cômicos que às vezes me faziam abrir um sorrisinho e outro, mas raramente me faziam rir alto. Achei o humor um pouco bobo demais e mais adequado para o público mais jovem. Um boneco agindo de forma estranha em um novo ambiente pode ser engraçado para alguns, mas logo cansa todo o santo instante que Night salta de uma altura e as pessoas o aplaudem. Talvez simplesmente não fosse a minha preferência.

Não posso dizer que os personagens sejam mais diferentes dos shoujo normais. Night, o boneco é perfeito em todos os sentidos, bom nos esportes, nos estudos e se relacionando com outras pessoas, exceto que ele é humano. Essa perfeição é típica de muitos interesses românticos em shoujo manga, independentemente de serem humanos ou não. Soshi é o rapaz sério, de personalidade frio, mas que tem bom coração, e esse estereótipo também é bem frequente nesse tipo de história.

O mangá flerta com temas de ficção científica, mas sem nunca se aprofundar nos temas em questão, por exemplo, quem era a empresa que mandou o Night em uma caixa para a Riiko? Isso é algo que deveria ter sido explicado brevemente logo no início do mangá e não ao longo do caminho. 

O mangá também tenta até passar uma mensagem profunda sobre como queremos ser amados sem dar nada em troca, ou em como queremos que nosso parceiro/parceira seja perfeito aos nossos olhos, como no caso da Riiko, que desejava um namorado perfeito de acordo com as exigências dela, mas sem maturidade suficiente de estar em um relacionamento, ou sem estar aberta para aceitar as falhas do outro. Entretanto, o mangá se perde no meio do caminho, e acaba sendo apenas só uma comédia romântica bobinha.

O mangá também tenta meio que bebe da fonte da mitologia do Pigmaleão, mas esta é só eu enxergando além do que deveria.

A heroína é uma garota meio teimosa confusa nas questões do amor... o que há de novo? O outro interesse romântico, é claro, fará qualquer coisa para ganhar o afeto da heroína, mas respeitará sua própria escolha. É tudo bastante previsível, não é? Admito que às vezes a Riiko me irritou muito, principalmente por sua indecisão entre o Night e o Soshi, sendo que estava bem na cara quem seria o melhor parceiro para ela, além do fato dela quase não sofrer qualquer desenvolvimento, sendo apenas a menininha indecisa que grita muito.

O Namorado Perfeito tem vinte anos de existência, então a arte certamente está envelhecida. Eu não sou tão fã da heroína bobinha com olhos grandes, mas até que a arte do mangá é consistente e manteve-se do início ao fim com este mesmo requisito.

Até onde consegui pesquisar, O Namorado Perfeito foi adaptado para um drama japonês (2008) e um drama taiwanês (2012), ambos os quais parecem ter sido bem avaliados.



Acho que esse mangá teria sido mais divertido para mim se eu fosse mais jovem (não que eu seja velha, que fique bem claro), embora as breves menções a sexo me deixassem desconfortável. Isso é o que eu acho um pouco estranho nesse mangá; não havia o suficiente daquele tópico em particular para ser classificado como maduro (mas quase) e o humor era jovem e leve, então era um pouco dissonante. No entanto, este mangá foi um pouco divertido, vou admitir. Recomendo para quem gosta de triângulos amorosos e momentos adocicados. 

Se eu conseguir encontrar os três volumes restantes no mercadinho da esquina, pode apostar que eu comprarei.




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