O "Home Alone" do Disney+

 

Durante algum tempo ausente do blog, fiquei de molho entre um serviço de streaming e outro, assistindo a altas pérolas. Bem que eu queria postar todos os dias aqui, mas como não ganho um puto por isso e preciso ganhar um cascalho na vida real, acho que teremos postagens cada vez mais esporádicas. 

E as festividades de fim de ano estão chegando. E sabe o que isso significa? Filmes ruins por toda a parte. Principalmente, filmes natalinos ruins.

A Disney teve a "brilhante" ideia em lançar este ano, em meados de novembro, uma continuação/reboot de um dos filmes natalinos mais amados, se não o mais amado, de todos os tempos: Home Alone (ou como foi traduzido nas terras tupiniquins "Esqueceram de Mim"), e não apenas isto como também alongaram o nome do filme. Agora, se chama Home Sweet Home Alone (e "adaptado" a pronúncia ficou mil vezes pior, "Esqueceram de mim no lar, doce lar", eca! 😒).

Ainda bem que não o lançaram exatamente no dia 24 de dezembro pois certamente iria arruinar o Natal de muitos.

Home Sweet Home Alone é uma completa pilha de bosta fedorenta. Este é o veredito.

Um filme medíocre, nojento, insignificante, podre, imundo, ruim, péssimo, repulsivo, infame, intolerável, horrível, enjoativo, miseravelmente sem graça e uma verdadeira catástrofe. Senti-me suja assim que terminei de assisti-lo. Talvez eu tenha exagerado? Talvez. Mas quem se importa. Esse filme é só mais um caça-níquel miserável disfarçado de obra natalina carregando um título nostálgico.

É inadmissível que alguém tenha lido o roteiro desta porcaria e achado uma maravilha ao ponto de tirar a ideia do papel. Não minto quando digo que este filme é pior que os outros caça-níqueis que vieram após Home Alone 2. Aqueles desconsidero mortalmente porque foram feitos com o orçamento de um litro de pinga. HSHA foi produzido pela Fox/Disney, estúdios poderosos e com muita bufunfa, e que por alguma razão, o filme tem a "qualidade" de uma produção da Syfy.

Se a desculpa para tal desleixo, foi porque estamos em uma pandemia, bom, que fossem ao menos responsáveis e não fizessem o tal filme. Afinal, ninguém pediu por esta aberração!

Se a outra desculpa para este filme ser tão ruim, é porque ele foi "destinado a crianças", desejo humildemente que quem pensa assim vá lamber sabão. É uma ofensa em achar que um filme barulhento, sem graça, sem uma direção decente, sem um roteiro que preste, pode ser direcionado à crianças porque elas aceitam qualquer coisa. Isso é duvidar da capacidade cognitiva delas e classificá-las como burras.

 Sinto-me mal pelas pessoas que trabalharam no filme, pelos atores e pelas pessoas da produção (exceto o diretor e o roteirista, espero que esses dois comam arroz com uva-passa), mas infelizmente, eu preciso desabafar. Esta coisa foi o pior filme que vi este ano. E olha que eu já assisti a muita bomba! Esse filme me machucou e me ofendeu de uma forma tão grande, que mesmo reclamando com amigos e familiares necessitei desabafar por outros meios. Tenho de evitar que outras pessoas passem por tal horrenda experiência.

Sinceramente, estou farta dessas malditas continuações. Já não bastava os outros caça-níqueis como já citei anteriormente?

Vamos recapitular um pouco. 

Tudo começou em 1990 com Home Alone, que contava a história do pequeno Kevin, estrelado por Macaulay Culkin. Kevin vivia em uma casa cheia de gente, o que era uma verdadeira bagunça. Era o quinto filho de uma família grande, e além de não receber atenção, era constantemente desprezado por seus familiares. Vemos o filme através de sua ótica e logo o compreendemos quando ele deseja veemente que a sua família desapareça. É um filme sobre o amadurecimento do próprio Kevin que precisa aprender a ficar sozinho no feriado natalino, a parar de julgar pelas aparências (ele tem medo do senhorzinho que retira a neve, por causa de uma pá que ele carrega), e enquanto aprende suas lições, Kevin deve proteger seu lar de dois ladrões atrapalhados. Um clássico que funciona e emociona até hoje, em grande parte, pela espetacular trilha sonora composta por John Williams.

A continuação Home Alone 2 é mais do mesmo, e copiou muito dos elementos do primeiro filme, e agora Kevin não está mais sozinho em casa, mas perdido na Grande Maçã. Kevin retrocedeu em seu caráter mais uma vez, o que não faz sentido, ainda explodindo facilmente pelas provocações do imaturo Buzz, retornando novamente a julgar as pessoas pelas aparências (ele tem medo da senhora dos pombos), e a fazer as mesmas armadilhas infantis (dessa vez, em um novo cenário, uma casa abandonada em NY). Foi um filme que possuiu pouco impacto, poucas cenas memoráveis (apenas a cena do hotel achei engraçada) mas não estragou o legado do primeiro filme. É um tanto esquecível, diga-se de passagem, e a única razão para HA2 existir é porque com toda a certeza o estúdio queria rodar as filmagens em Nova York.

Em 1997 tivemos o terceiro filme, Home Alone 3, que conta a história de outra criança, Alex, um garotinho que está com catapora e que fica sozinho em casa, porque sua mãe e seu pai precisam trabalhar. É neste filme que o título "Esqueceram de Mim" não faz mais nenhum sentido, porque Alex não foi esquecido por seus pais ou irmãos, mas sim, necessitou ficar em casa porque estava muito doente. Há o envolvimento da máfia russa que persegue o garotinho, e é pouco crível que uma criança pequena tenha emboscado mafiosos assassinos com armadilhas tão toscas. O roteiro do filme vai para o caralho no terceiro ato com o papagaio, sim um maldito papagaio, mandando o bandido para os ares. Mas ainda assim, apesar das bizarrices tenho um certo apreço por esse filme, talvez porque o assisti muitas vezes no VHS que eu tinha quando era criança. Admito que assisti mais este filme que o primeiro Home Alone. Mea-culpa. 😖👉👈 No entanto, ao menos aqui os roteiristas foram originais, abordando a vida de outra criança, e não repetiram os elementos do primeiro filme. Diferente dos outros...

Home Alone 4 foi lançado em 2002, e reconta a história de Kevin (sim, o mesmo Kevin do Home Alone 1), dessa vez, interpretado por outro ator mirim, porque né... O Culkin já não era mais criança e estava com a imagem um tanto manchada. A trama principal é que os pais de Kevin se divorciaram e o pai agora namora uma ricaça. Que chute nas partes baixas é este filme. Além do orçamento de um refrigerante e um salgado, a execução é péssima, a fotografia é porca, o roteiro é ridículo, e as atuações são uma verdadeira desgraça, e além disso tudo, a família McCallister foi reduzida, pois ao invés dos cinco irmãos que possuía, Kevin tem agora apenas dois irmãos. O único mérito que este filme leva é para repelir visitas indesejadas. Sério. HA4 funciona como pesticidas. Não gosta da visita? Coloque Home Alone 4 que lhe garanto que a pessoa irá embora na mesmíssima hora.

Home Alone 5 saiu dez anos depois, e foi aí que eu joguei a toalha. Se o anterior era um excelente pesticida, este funciona como um ótimo sonífero, e não vou me dar ao luxo de revê-lo nunca mais. A esta altura do campeonato me questiono se os executivos engravatados de Hollywood acharam mesmo que todas estas sequências abomináveis sequer chegariam ao dedo mindinho do HA original.

Bom, a Disney deve ter pensado que sim, pois nos torturou sem dó com Home Sweet Home Alone, ou como chamarei daqui para frente, Home Alone 6.

Acompanhamos a história de Max, ele odeia a família, o Natal, quer atenção e blá-blá-blá. Se não colocaram esforço no próprio filme, acha que colocarei esforço aqui também? A reviravolta na trama é que ao invés de uma dupla de bandidos mal intencionados, aqui temos um casal de abobados, um pai e uma mãe, que quer invadir a casa de Max, porque acham que ele roubou a boneca deles que vale uma fortuna no site de leilões. Essa é a trama. Diga-me se isso não parece uma fanfic? Das ruins?

Home Alone 6 tentar subverter as expectativas colocando um casal comum para cometer invasão domiciliar e lhes dando um background. Ficou uma bela de uma merda. Isso não é subverter as expectativas nem aqui é nem na China, pois ao longo desta jornada torturante, sentimos mais apreço pelo casal atrapalhado do que pelo garoto, que meu Deus do céu, que menino irritante!

Max é simplesmente a criança mais desprezível que poderia existir. Não conseguimos em nenhum momento sentir nada pelo garoto a não ser a vontade de enchê-lo de cascudos. Max não é mais criança, como era Kevin, Max é um pré-adolescente e como todo pré-aborrecente o moleque é chato pra dedéu! Hollywood não aprende! Será se eles não perceberam que o espectador não tem apego algum com personagens insuportáveis? 

Ademais, estamos em 2021, pelo amor de Deus! Tudo poderia ser resolvido em uma conversa pelo WhatsApp. Assim não teríamos mais esta porcaria no currículo de Home Alone.

Max nunca tem seu momento de redenção, em que finalmente se arrepende por ser uma criança tão pedante e passa a desejar a ter sua família de volta. Nem mesmo existe um laço entre mãe e filho em HA6. Passa-se a impressão que a mãe só queria regressar para casa, não porque Max estava sozinho, mas porque temia que ele pusesse fogo na residência. Não a culpo por pensar assim. 

Pegar um filme dos anos 90 e tentar "atualizá-lo" com quinquilharias modernas e referências à Cultura Pop não o torna um filme legal. E o filme se prende somente a isto. Em referências que ninguém entenderá a memes mortos. Só porque Deadpool fez isso não significa que você deva fazer. Oh, Deus, e como esse filme tem cenas vergonhosas. Causa-me urticária sempre que me lembro da cena em que um dos adultos fala hashtag alguma coisa para a menina e em seguida tira uma selfie para lá de constrangedora. Não sei em que mundo os roteiristas se basearam para fazer esse filme, mas parece que todos vivem em um eterno TikTok. É asqueroso! O filme e o TikTok. Além disso, HA6 tem piadas com peido. Não estou brincando. Somos amaldiçoados como uma cena embaraçosa do marido peidando na cara de sua esposa. Eu queria estar mentindo, mas é isso que acontece. 

Pausa para a embaraçosa, ridícula e desnecessária cena de Max fazendo um "desfile de moda", com as roupas da mãe... 😶 Pois é.

HA6 é um filme para ninguém. É bobo em algumas partes e sádico em outras. O pequeno Max tem tendência a se tornar futuramente um maníaco com joguinhos macabros. Você se sente mal pelo casal sofrendo nas mãos de um menino diabolicamente mimado. E apesar de curto, o filme se arrasta tanto que podia jurar que ele tinha cinco horas! Diabos, Avengers: Endgame possui três horas de duração e Zack Snyder's Justice League (filme da qual já citei no blog) tem quatro horas e posso jurar que toda a vez que assisto, ambos parecem apenas ter duas horas ou menos. Filmes prazerosos passam em um estalar de dedos, enquanto filmes ruins parecem que nunca acabam.

No final, todo o mal entendido acerca da boneca valiosa é esclarecido, em uma reviravolta para lá de anticlimática. Max fica amiguinho do casal que dantes tentou aniquilar, e a sua relação com sua mãe continua apodrecida, pois nem ao menos, quando ela reencontra o filho temos aquela cena de aquecer o coração. Não. Corte para uma cena com todos na ceia sorrindo roboticamente e fim de papo. Nem ouse pensar em desenvolver os personagens. As crianças não estão prontas para personagens complexos. 😒

E eles ainda tem a pachorra em colocar um dos personagens do Home Alone original no filme (no caso, Buzz, irmão de Kevin), que agora é um policial, como se apenas esse detalhe minimamente desinteressante fosse alavancar esse desastre de filme.

Ah, e saquem só esta piadinha que colocaram no filme. 

Gênios! Não sei se isto é uma autocritica, se é uma alfinetada a outros estúdios, seja o que, foi um verdadeiro tiro na testa.

Que os engravatados da Disney criem vergonha em suas caras enrugadas e parem de tocar em nossas memórias de infância com estas produções fajutas. 

Passam longe desse filme. Ninguém, eu digo, NINGUÉM deveria ser submetido a assistir esta atrocidade cinematográfica que ousa carregar o nome Home Alone.

Até outro dia.

E quanto à Disney: fique com o troco, seu animal imundo!

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