Livro: O Morro dos Ventos Uivantes

Título original: Wuthering Heights

Autora: Emily Brontë

Páginas: 368 páginas 

Editora: Principis

Ano: 1847

Sinopse: Único romance da escritora inglesa Emily Bronte, O morro dos ventos uivantes retrata uma trágica historia de amor e obsessão em que os personagens principais são a obstinada e geniosa Catherine Earnshaw e seu irmão adotivo, Heathcliff. Grosseiro, humilhado e rejeitado, ele guarda apenas rancor no coração, mas tem com Catherine um relacionamento marcado por amor e, ao mesmo tempo, ódio. Essa ligação perdura mesmo com o casamento de Catherine com Edgar Linton.

🥀🥀

Não diria e nem ousaria dizer que este é um livro de romance. Ele está muito longe disto e nem mesmo atreve-se ou tem a pretensão em ser um livro romântico. Se você tem esperanças em ler algo meloso ou espera um final feliz, sinto muito lhe dizer isso, mas creio que seja melhor escolher outra leitura que lhe satisfaça.

Observei que muitas pessoas leram este livro e se decepcionaram, pois pensaram que encontrariam uma história de romance arrebatador. 

Não, O Morro dos Ventos Uivantes está mais para um estudo completo do caráter humano mediante à situações extremas.

Temos personagens mesquinhos, malévolos, irritadiços, cruéis, mentirosos, avarentos e impulsivos. E assim, totalmente humanos. Não espere um protagonista perfeito ou uma mocinha de coração humilde, porque não encontrará tais características em nenhum destes personagens. 

O livro começa sendo narrado por Lockwood, que será o novo inquilino da Granja de Thrushcross, uma mansão vizinha ao Morro dos Ventos Uivantes, e tem o desprazer em conhecer Heatcliff, um sujeito arrogante e de cerne gélido. (sim, o nome da residência de Heathcliff é Morro dos Ventos Uivantes, pois antigamente tinha-se a tradição em nomeá-las).

Após uma desventura no Morro dos Ventos Uivantes, em que é atacado por cães e quase perde-se no pântano, Lockwood adoece e sob os cuidados de Ellen "Nelly" Dean, que tem conhecimento dos acontecimentos passados do Morro dos Ventos Uivantes e a única que sabe porquê Heatcliff tornou-se o que é. Nelly conta, então, a história ao visitante.

Através de seus olhos, conhecemos a origem de Heathcliff, um menino cigano adotado pelo Sr. Earnshaw. Logo de imediato, os filhos do Sr. Earnshaw desprezam Heathcliff (e este é o seu nome e sobrenome). Com o tempo, a pequena Catherine passa a apegar-se com o menino. Com a morte do patriarca, Hindley, o irmão mais velho de Catherine, passa a ser o novo dono do Morro dos Ventos Uivantes, e ainda alimentando rancores por Heathcliff por ter "roubado" a afeição de seu pai, Hindley o maltrata sem pudor.

"Meu amor por Linton é como a folhagem na floresta: o tempo o altera, tenho consciência disso, assim como o inverno altera as árvores. Meu amor por Heathcliff parece as pedras eternas no solo: uma parca fonte de prazer visual, mas necessária. Nelly, eu sou —Heathcliff— (em itálico)! Ele está sempre, sempre, na minha mente. Não como um prazer, pois tampouco sempre sou um prazer para mim mesma, mas como meu próprio ser." (página 86)

Após algumas desventuras, Catherine conhece a família Linton, e Edgar Linton, da qual passa a afeiçoar-se ao rapaz por ser o exato oposto de Heathcliff. O grande sonho da ingênua garota é casar-se com Edgar, e com a ajuda do marido, auxiliar Heathcliff. Consumido por ódio e mágoa, Heathcliff passa anos longe do lugar, sumindo da vida de Catherine. A moça casa-se com Edgar, mudando-se para a Granja, e sendo reconhecida como Sra. Linton. Apenas quero ressaltar que Catherine Earnshaw é uma das personagens mais aborrecidas que já li e todo o seu plano não faz o menor sentido, a não ser causar um imenso mal entendido.

Heathcliff retorna cheio de vingança, porém, diferente do rapaz ignorante que era. Possui algum dinheiro consigo, o que é um mistério para todos de como ele conseguiu uma pequena fortuna. Para atingir Edgar e Catherine, Heathcliff engana e seduz Isabella Linton, irmã de Edgar, que foge com ele para o Morro dos Ventos Uivantes e passa a viver o seu calvário.

Catherine adoece gravemente, devido a um surto de raiva, e pouco a pouco vai definhando, perdendo sua beleza e sanidade, causando tanto a infelicidade de Edgar quanto Heathcliff.

Heathcliff torna-se cada vez mais amargo e cruel, e mesmo tendo atingido todos os seus maléficos objetivos e ter causado danos na vida de seus opositores, seu plano de vingança não se limitar apenas àquilo. Heathcliff vive e respira vingança, sufocando a sua própria existência, não importando-se em ser apenas uma mera alma andante sobre a terra, desde que todos paguem pelo mal que lhe fora causado.

"No período mais infeliz da minha vida, eu também pensava assim, e essa ideia assombrou-me em meu retorno a esta freguesia no verão passado. Mas somente a admitir essa ideia mediante a declaração dela. E, então, Linton não significaria nada, tampouco Hindley, ou todos os sonhos que já sonhei. Duas palavras resumiriam o meu futuro: morte e inferno. Minha existência, depois de tê-la perdido, seria o inferno. 

(página 156)

O plano de vingança de Heathcliff prevalece e perdura até as próximas gerações, atingindo os filhos de Hindley e de Catherine. O pior dos casos ocorre a Hareton, filho de Hindley, cujo intelecto é subvertido. Lhe foram tirada a chance de ter uma boa educação e todo o afeto e amor lhes fora negados, fazendo o rapaz agir como um animal selvagem, devida a criação — ou falta dela — de Heathcliff. Quando cresce, torna-se apenas um mero empregado dentro de sua própria casa. Além disso, Hareton venera a figura de Heatcliff como se ele fosse um pai. Seu pai. E acredito que no fundo, Heathcliff tenha gostado de Hareton, pois quando conhece Linton Heathcliff, seu filho com Isabella (sim, o nome dele é o sobrenome do tio, uma homenagem de Isabella ao irmão), o homem acha-o um fardo por Linton ser deveras mimado e enfermo. Obviamente, Heathcliff inclui o rapazote em seu plano de vingança.

"Ele não é um ser humano. E não tem direito à minha caridade. Entreguei meu coração, que ele tomou, espicaçou até a morte e atirou de volta para mim. As pessoas sentem com o coração, Ellen. E, como ele destruiu o meu, não sou capaz de sentir pena de Heathcliff. Não sentiria, por mais que gemesse de hoje até o fim de seus dias e chorasse lágrimas de sangue por Catherine. Não, de fato, não sentiria!" (página 182)

Na tradução da versão que possuo, traduziram o nome da residência, Wuthering Heights, para o Morro dos Ventos Uivantes, e como eu anteriormente havia lido a versão da Zahar, este pequeno detalhe incomodou-me um pouco.

Ademais, encontrei poucos erros na edição, mas novamente, como li anteriormente a versão da Zahar senti falta das notas de rodapé contendo as referências mal compreendidas.

Foi uma experiência completamente diferente quando li este livro, e diferente de muitos, foi um dos que mais permeou em minha memória, e acredito que levarei uma parte do Morro dos Ventos Uivantes em mim, assim como o próprio Lockwood.

Haviam muito mais coisas que eu gostaria de analisar, mas mesmo se eu passasse dias e mais dias engrandecendo a esta magnífica obra, ainda não faria jus à sua magnificência. Tire a conclusão por si e não deixe de ler a este deleitante clássico.

Sobre Emily Brontë: escritora e poetisa, nasceu em 30 de julho de 1818 em Thornton, Yorkshire. Irmã das também escritoras Charlotte e Anne Brontë, foi a quinta de seis filhos de Patrick Brontë. Morreu de tuberculose, aos 30 anos, em 19 de dezembro de 1848. Seu único romance foi O Morro dos Ventos Uivantes.

Então, amoras, é isto 🤗

Digam-me alguns livros das quais gostam. Vou adorar ler seus comentários.

Bye, bye.

☕🌸

Livro comprado por mim. Não é um livro parceria.