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Livro: Anne de Green Gables



Título original: Anne of Green Gables
Autora: Lucy Maud Montgomery
Páginas: 336 páginas
Editora: Ciranda Cultural
Ano: 1908
Sinopse: Anne é uma pobre órfã que foi enviada por engano para a fazenda de Green Gables, pois os irmãos Marilla e Matthew tinham a intenção de adotar um menino para auxiliar nos trabalhos domésticos. Com pena da pobre garota, os dois resolveram mantê-la na fazenda ao descobrirem que, definitivamente, era uma menininha diferente de todas as outras. Com seus longos cabelos ruivos, seus olhos verde-acinzentados e uma imaginação que lhe permitia viver muitas fantasias, mas que a metia em muitas confusões também, Anne traz reflexões e pensamentos pertinentes sobre os obstáculos e as escolhas da vida de qualquer pré-adolescente.

👩🏼‍🦰🍁


Demorei tempos para elaborar esta resenha, pois queria apreciar cada passagem e frase de Anne de Green Gables.

É tão satisfatório acompanhar as aventuras e desventuras de nossa pequenina ruiva. É como se adentrássemos a vida de uma menina real, e vislumbrássemos o mundo pelos seus olhos. Neste primeiro livro acompanhamos Anne Shirley, que chega em Green Gables, aos seus onze anos, e o livro finaliza-se com ela já em seus dezesseis anos.

Anne celebra a infância, a pureza, as amizades. Foi uma grande realização tê-lo comprado em promoção, e acredito que tenha sido um dos melhores livros que se encontra em minha estante, sem qualquer influência alheia. Escolhi ler este clássico após ter conhecido o anime Ana dos Cabelos Ruivos (creio que ainda os episódios ainda estejam disponíveis no YouTube), e fiquei curiosa para conhecer mais da história.

Ela o estivera observando desde que ele passara por ela, e agora mantinha os olhos grudados nele. Matthew não estava olhando para ela, e, mesmo que estivesse, não teria visto como ela de fato era, mas um observador corriqueiro teria notado isto: uma criança de 11 anos, usando um vestido muito curto, muito apertado, muito feio, de flanela de algodão amarelo acinzentado. 
Ela usava um chapéu de marinheiro marrom desbotado e, sob o chapéu, desciam até as suas costas duas tranças de cabelo muito grosso e definitivamente muito ruivo. 
Seu rosto pequeno, branco e fino, e também cheio de sardas; sua boca era grande, assim como os olhos, que pareciam verdes ou cinzas conforme a luz e o humor dela. (página 18)


Anne Shirley vai parar na vida dos Cuthbert, após um mal entendido. Marilla e Matthew haviam pedido ao orfanato que encaminhassem um menino ao lar deles, para que pudessem ajudar Matthew nas tarefas, pois ele jaz velho e muito cansado. Porém, para a surpresa de Marilla no lugar de um garoto jovem, lhes é mandada uma garotinha ruiva que não tem travas em sua língua.

Obviamente, Anne muito alegra-se, pois acredita de todo o coração que finalmente alguém a quer, pois a pobrezinha passou maus bocados em sua infância. Órfã, seus jovens pais, Bertha e Walter Shirley morreram de febre quando ela era bem pequena, e após este trágico evento, Anne passou de mão em mão, como se fosse um objeto, servindo apenas de serventia, como o caso da Sra. Hammond que tivera gêmeos 3 vezes, e Anne teve que cuidar dos filhos birrentos desta senhora agindo como babá sem honorários. Quando Anne descobre que ela era apenas um engano, a menina fica inconsolável, proferindo frases longas e sem pausas, deixando Marilla muito abismada, pois nunca tinha visto uma criança dizer um palavreado tão rebuscado para sua tenra idade.

Após consolidar-se com a história triste de Anne, que ouviu durante um longo percurso que fez para devolvê-la, Marilla decide permitir a vivência da menina em Green Gables. Anne olha a tudo ao seu redor com ares romântico e como ela mesmo diz, com escopo para a imaginação. Tudo para ela é novo e não deixa de alegrar-se diante de cada nova descoberta. Nomeia a cada lugar, planta e objeto de acordo como imagina, tornando tudo uma grande brincadeira. 

 E muitas confusões e aventuras abrenham a vida de Anne. 

Sua farta imaginação muitas vezes, assim como a afasta do tédio, a coloca em severas situações. Ela logo fica muito amiga de Diana Barry, da qual jura que ela é a sua alma irmã, e ao longo do livro, Anne ganhará novas e muitas amizades, conquistando a todos com seu jeito especial. Decerto que nem todos gostam de nossa ruivinha, como é o caso de Josie Pye. 

Marilla por vezes é muito severa, sempre podando a imaginação desenfreada da menina, desejando que ela tenha mais os pés no chão, enquanto Matthew é seu cúmplice e a apoia muito. Não posso esquecer de sua rivalidade com Gilbert Blythe, que torna-se seu "arqui-inimigo" após uma infelicidade em zombar dos cabelos ruivos, pois ele mal sabia que a pobre Anne era complexada em relação à cor chamativa de seu cabelo. 

Em cada tropeço, Anne aprende com eles, e assim, a não cometê-los mais. Aos poucos, vai se tornando uma boa "filha", uma boa amiga, uma aluna, e uma pessoa pronta para encarar a vida, sem deixar de abrir mãos de seus sonhos e de sua imaginação tão preciosa.
 
❝Não desista de todo o seu romantismo, Anne 一 sussurrou ele timidamente. 一 Um pouco dele é uma boa coisa, não muito, é claro, mas preserve um pouquinho dele, Anne, preserve um pouquinho.❞  (página 248)


A edição comprada por mim possui páginas amareladas, letra no tamanho ideal, e notas de rodapé, explicando cada referência as mais de diversas frases que Anne dita, baseadas em alguns dos escritores da época.

Acredito que os livros sequer precisem ser transpostos para uma mídia alternativa, pois já se suplementam como são. Vi algumas resenhas de pessoas que não gostaram dos livros, porque eram machistas. (???) Tudo bem você não gostar dos livros, cada pessoa tem seu gosto pessoal, mas bradar aos quatro ventos que eles possuem conteúdo machista só mostra que não lemos o mesmo livro. Anne é  muito admirada por suas colegas, e por sua professora, por sua grande inteligência e imaginação, além disso, quando ela ganha uma bolsa de estudos para o Queen's, todos celebram seu sucesso, orgulhosos por ela. A pessoa que mais a apoia durante todo o livro, é  Matthew. Não Marilla. Um homem a apoia. Não uma mulher.


Sobre a tão falada série da Netflix... Não encheu os meus olhos. 😕 Até atrevi-me a assistir a primeira temporada (e até gostei bastante dela, tanto a vi em uma madrugada inteira), mas o mesmo sentimento não se repetiu com as outras temporadas, que fugiram demais dos livros, inventando acontecimentos pouco críveis ou relevantes, e outros, extrapolando o absurdo. Tentaram fazer a série ficar "aceitável" nestes tempos de politicamente correto para uma minora muito irritante, subvertendo e pulverizando toda a trama original que era muito agradável e pueril. Netflix, galera. Ela necessita ultrajar clássicos para satisfazer suas próprias ideologias com a desculpa de que está "modernizando-o". Não se toca em um clássico com tamanho vilipêndio porque não gostou de tal ponto. Invente suas próprias produções ao invés disto. Não preciso nem mesmo de adjetivos para complementar o meu argumento. O pior de tudo isso, é que muitos colocaram a tal série em um pedestal e se você for da patotinha de pessoas que atreve-se a dizer que não gostou disso ou aquilo, é como se assinasse sua penitência ao inferno. Acho isto uma besteira sem tamanho. Somos livres para gostar ou não de algo, e nesse caso, não gostei da série e prefiro sempre aos livros.

Apesar de Anne de Green Gables e o restante da saga literária serem consideradas como uma obras infanto-juvenis, creio que possa ser lido em qualquer idade e por qualquer um. E depois que esta pequena ruiva adentrar em sua vida, acredite em mim, verás a vida de uma forma completamente diferente. Se ainda não leu, leia e dê uma chance à Anne Shirley.

❝Bem, eu não quero ser ninguém além de mim mesma, mesmo que eu tenha de viver sem o consolo dos diamantes 一 declarou Anne. 一 Fico muito feliz de ser Anne de Green Gables, com meu colar de contas de madrepérola. 
Sei que Matthew me deu esse colar com tanto amor quanto já foi depositado nas joias da Senhora Madame de Rosa.❞ (página 298)



Sobre Lucy Maud Montgomery: Nasceu em 30 de novembro de 1874, em Clinfton, Canadá, lugar que serviu de inspiração para o cenário de sua primeira obra Anne de Green Gables. Sua mãe faleceu quando Lucy ainda era um bebê, e o pai entregou-a aos cuidados dos avós maternos; porém, quando Lucy completou sete anos, seu pai retornou para buscá-la. Ela cresceu sozinha, e isso fez com que tivesse bastante tempo para imaginar e criar diversas histórias. Faleceu em 24 de abril de 1942, em Toronto, Canadá. 



**O livro foi comprado por mim. Não é um livro parceria.

Comentários

  1. Muito boas as respostas. Eu sei como é esse: ninguém me segura. rsrs
    Obg pela divulgação rsrs.
    Que Deus te abençoe e a sua irmã também.

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  2. Ah que legal, eu comecei a ler sua websérie, e gosto muito, viu?!
    Beijinhos e continue escrevendo rsrsrs
    bibliadasmeninas.blogspot.com

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  3. Menina do céu, como eu amei a sua resenha.

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  4. Acredito que esse livro deveria fazer parte da vida de toda menina. Esqueçam a série, ela não faz jus a série de livros e nem respeita a memória da autora.

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  5. Adoro essas fotos que vc posta do livro. Tem insta?

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    1. Não, linda. Só me comunico única e exclusivamente pelo blog. Eu tinha apenas o Google+, mas ele não existe mais.

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  6. Descobrir que vc é a fada das palavras. Que resenha bem feita, mdss!!!
    Amei.

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  7. Na minha época, machismo era quando um homem batia na mulher na rua, humilhava ela, cuspia nela. Como um livro inocente desse, que valoriza a infância e toda a forma de vida, pode ser machista???
    Deus, essas pessoas do mundo atual estão ficando loucas e ridículas!

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    1. A sociedade tá doente, meu caro. Vide que toda hora tem algum energúmeno para ficar dizendo "fascista" a todo instante mas sequer sabe o que é ser fascista.

      É muito fácil deturpar uma palavra apenas para seu bel-prazer, para encaixar em uma ideologia doentia e desvirtuada.

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    2. Sim, meus amores, a sociedade está doente.

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    3. Pra esse povo até um homem abrir a porta de um carro pra uma mulher é considerado machismo. Duvido se essas feministas salvam as mulheres que sofrem na Arábia Saudita na mão de seus maridos opressores. Duvido.

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  8. Netflix é uma fossa. Faz tempo q cancelei minha assinatura e não me arrependo. Achei a série super forçada, ainda mais quando se trata de sexualidade. Ninguém quer saber disso, Dona Netflix, ninguém quer saber!

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    1. Na verdade, nem existe feminismo ou homossexualidade nos livros. Netflix inventou isso pra chamar público, e como consequência, a série teve pouca audiência e foi cancelada.

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    2. Aí o povo vê aquela porcaria de série com aquele monte de merda, compra os livros, não gosta dos livros e fala mal deles. E eu é que sou a louca.

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  9. A gente só pode tá pensando em sintonia. Justo quando eu comprei o box da Anne de Green Gables, você me faz essa resenha linda. Já estou no quarto livro, e amando tanto. Me sinto como se pertencesse àquela época e como se a própria Anne me segredasse sua vida. Beijos, Sammy.

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  10. Fiquei um tempão olhando para a imagem que abre o post. Sei lá... é como se eu me recordasse da minha própria infância ao lado dos meus avós no interior... bateu um sentimento de nostalgia.. ainda não li mas com certeza lerei, e com certeza ficarei longe da adaptação da Netflix..

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  11. Já te venero só pelo fato de vc não ter gostado da série. E eu achando q eu estava sozinha nessa...

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