A história da camisa de rock: Pode ou não pode?

Olá! Como foi o Ano Novo de vocês? Espero tenha sido uma benção! E a primeira postagem do blog pretende ser bem polêmica... Camisa de rock: usar ou não usar? 

Tudo nesta vida baseia-se em dois pesos e duas medidas. Até certo ponto, eu poderia achar um absurdo uma pessoa congregar se não fosse de acordo com as vestimentas que são impostas pelos líderes religiosos, e logo percebi o quão hipócrita eu estava sendo. É preciso, muitas vezes, dobrar tais pensamentos, até porquê, santidade não significa andarmos com saia que chega aos pés, ou camisa que cobrem os pulsos. Se fosse por isso, podemos julgar todas as pessoas que usam ternos como sendo de bom caráter, e não é isso que recebemos dos nossos políticos em Brasília. Tão engravatados e bem vestidos, mas só Deus conhece o coração obscuro que carregam.

Enfim, o que levou-me a escrever essa postagem, foi uma situação constrangedora que ocorreu na igreja em que congrego.

Contarei agora, o relato que passou na igreja.

Há um certo tempo, um rapaz da nossa igreja foi com uma camisa de uma banda de rock para o culto. A camisa era de uma banda de rock cujo nome é irrelevante para a questão a seguir. Alguns irmãos viram, comentaram, mas não quiseram falar nada para o rapaz. As irmãs do Círculo de Oração, cheias de presunção, logo passaram a julgar o comportamento do rapaz, tratando-o com adjetivos repletos de deboche, entre um deles, chamaram-no de "desviado".

Eu olhava toda aquela situação, como se fosse uma espectadora sem poder me mexer, ou interferir na mesma. Pela primeira vez, sentir-me mal por estar na igreja. Não estava reconhecendo aquelas pessoas que congreguei por tanto tempo. Como eles tinham coragem em julgar o jovem, somente por causa de uma camisa?! Ele não estava nu, estava coberto. E o pior estava por vir...

O líder de jovens vendo-o que estava com vestimenta que achou inadequada para o momento (pois estávamos em uma Santa Ceia), o chamou para uma conversa com ele e o repreendeu a respeito da camisa. O rapaz ficou muito triste e se defendendo disse que era só uma camisa, um pedaço de pano, e que não tinha nada ver o slogan da camisa. 

 “Será se não tem nada a ver?, pensei comigo mesma.

E realmente, não tem nada a ver!

Já sei o que vais dizer: "Há mais de nada a ver, o inferno está cheio!". Sim. E de crentes metidos a santos também!

Tudo isso, toda aquela situação confusa, poderia ter sido evitada se o nosso líder religioso não tivesse o coração cheio de uma coisinha chamada RELIGIOSIDADE. 

Essa palavra em si já me causa náuseas. Sabia que religiosidade é tão perversa quanto a imoralidade? Uma pessoa com religiosidade extrema julgará a tudo e a todos que não estiverem em seus padrões 一 sim, nos padrões dele, não nos padrões de Deus 一, como pecadoras destinadas ao inferno. Para uma pessoa religiosa você deve ser uma evangélica de cabelo comprido e usar saia longa, ou não será santa o suficiente. E você deve ser um evangélico que usa terno e gravata em pleno calor de 42ºC , ou você nunca será digno do Céu. Isso particularmente irrita-me muito, e é por este tipo de atitude boçal que somos vistos com olhares de repugnância, sendo motivo das piores chacotas, como os estereótipos ridículos vistos em filmes, ou a pior de todas as circunstâncias, quando perdemos uma alma para Jesus por estarmos tão cheios de arrogância e prepotência por pensarmos que somos mais santos que os outros.

Depois daquele dia, aquele jovem nunca mais pisou os pés na igreja. Acabaram afastando-o da Palavra por vomitarem insolência e terem um orgulho maldito em seu coração. Fecharam-se em uma bolha em que podem ditar o que deves ou não vestir. 

O jugo não cai só em um, cai em todos os evangélicos. Enquanto julgam as vestes do próximo, almas aflitas por salvação estão sendo perdidas, porque as igrejas tornaram-se clubes fechados, em que o mais "santo", vence.

Certo que existem casos em que existem camisas que levam a figura daquele bode preto, o tal do baphomet, porém aqui não era o caso.

Acabei ficando extremamente decepcionada por aqueles que eu tinha por "irmãos" e "irmãs". Senti-me em um ninho de serpentes.

Eu mesma possuo uma camisa da banda Metallica. Nunca escutei uma música deles ou sequer sou fã da banda, ou sequer a comprei por causa da estampa. Apenas comprei-a porque achei-a confortável para vestir, porque eu sempre gostei de usar T-Shirts. Não a usei para ir a igreja por medo dos infinitos julgamentos que eu com certeza ouviria, e poupei-me disso.

Verdade que devemos vigiar o nosso andar e o nosso falar, mas isso cabe a cada um fazer uma varredura de si mesmo. Lembre-te que:

"Por que você vê o cisco no olho do seu irmão, mas não repara na trave que está no seu próprio?"

(Mateus 7:3)

Não é o caso de "Não Julgueis". Não é isso. É o caso de cada um cuidar de sua própria vida, e deixar que Deus cuide da vida do próximo.

Somos evangélicos e somos conhecidos pelos nossos atos. Quanto mais arrotamos santidade, com atitudes mesquinhas, e não a seguimos, mais somos julgados e mais somos diminuídos, com comentários como esse: "Aquele ali é crente? É crente que eu sou besta!" . E por que isso ocorre? Por culpa de nós mesmos! Porque em vez de ajudar ao próximo, com palavras de orientação, queremos nos sentir superiores com sermões pragmáticos, que acabam ferindo os sentimentos do outro.

Se você usa dreadlocks, fez uma tatuagem no passado, se usa bermuda porque não tem dinheiro para comprar uma calça, isso não te faz ser menos cristão. Se você usa saia longa, nunca cortou os cabelos ou está no Círculo de Oração, isso não te torna a mão direita de Deus.

Deus vê o seu coração. Do que adianta estar nos padrões da igreja, mas com os olhos cheios de escamas por causa da religiosidade? Isso muito me recorda a parábola do fariseu e do publicano que encontra-se no Evangelho de Lucas, no capítulo 18:9-17.

 "E disse também esta parábola a uns que confiavam em si mesmos, crendo que eram justos, e desprezavam os outros: Dois homens subiram ao templo, a orar; um, fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: 'Ó Deus, graças te dou, porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes na semana e dou os dízimos de tudo quanto possuo'. O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: 'Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!'. 

Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado."

E se o Senhor Jesus estivesse entre nós atualmente? O rejeitaria por não usar terno e gravata e por não ter os cabelos tosados e a barba aparada? Quando julgar a vestimenta dos outros, lembre-se de Jesus Cristo, e reflita em como Ele se sentiria se fosse julgado por você.

Além disso, antes que levem-me mal, não sou puritana e muito menos dona da verdade. Use aquilo que te faz bem, e que principalmente, não faça o seu coração pesar.

Recomendo esse texto bem legal, escrito há 5 anos, sobre a religiosidade e em como ela é prejudicial na vida cristã. 

Por hoje é só. 

See ya!