Recentemente, decidi assistir novamente a um dos clássicos da minha infância, A Era do Gelo. Recordo-me muito bem que a minha professora da sétima série detestava esse filme, e eu não via nenhuma razão para tal ódio. E continuo sem ver tais razões, mesmo abandonando os óculos da nostalgia.
Enfim, depois de rever esse clássico (carambolas, esse filme já tem 18 anos, ainda não consigo acreditar nisso!), pude perceber que ele é uma joia subestimada. Quiçá, pelas sequências um tanto fracas, com personagens maçantes, humor grosseiro, toilet humour, por vezes irritante e depreciativo, que acabaram por degastar a imagem do original, drenando todo o carisma inicial que ali havia.
Regressando ao ponto de outrora, A Era do Gelo é bem mais do que um filme sobre um mamute, uma preguiça e um tigre (com intenções dúbias) que planejam devolver um bebê humano para a sua família (no filme, a todo momento, o grupos de humanos são chamados de bando pelos animais), feito nos moldes de Three Men and a Baby, isso se ele se passasse na Era Glacial e fosse protagonizado por animais pré-históricos. Não. Existe uma profundidade naqueles três personagens.
Lembro-me que uma professora minha, a professora da sétima série que lecionava Literatura, detestava a Era do Gelo de corpo e alma. Bem, gosto é gosto. Ela apenas não deveria limitar-se a apenas um sentimento. Nessa vida, devemos ver tudo de ambíguas formas. E foi o que ela não fez.
Estou quase certa de que ninguém lerá esta resenha, pois há tempos deixei o blog jogado às teias de aranha, e quando isto acontece, o Google tira a relevância do blog (importância essa que meu blog nunca tivera).
No fim de tudo, quase não consegui terminar a tempo. A parte de pesquisa e escrita é fácil. Difícil é revisar, porque eu sempre deixo um errinho escapar, e isso me mata por dentro. Além do quê, eu procrastinei por um bom tempo, preferindo maratonar os episódios das primeiras temporadas (as últimas não, porque me desagradaram muito) de Bob Esponja, porque sim!
Sem perder mais tempo com tanta encheção de linguiça (porque eu sou a embaixadora da enrolação), vamos à análise.
Seguimos a história de três animais que vivem na Era Pré-Histórica. Um mamute (Manny) mal humorado, uma preguiça (Sid) que foi abandonado por sua família, que partiu para imigração, deixando-o sozinho, e um tigre (Diego), que é instigado por seu líder a raptar um bebê humano com forma de vingança pelos humanos terem dizimado seu bando.
Sid, é de longe, o personagem com menos caráter heroico da trama. Ele é salvo por Manny, depois que Sid estraga o almoço de dois rinocerontes irritadiços. Óbvio, ele quer ser a sombra de Manny, pois pensa que estando junto ao mamute, ninguém mais fará mal a ele. Seus caminhos cruzam com o do bebê quando veem a mãe dele, machucada, a beira do rio.
Sid quer devolver a criança aos humanos, mas Manny discorda, pois aquilo não era um problema seu. Porém, no fim, acaba por ajudar Sid, quando Diego surge, dizendo-lhes que "devolveria o bebê" ao seu bando. Lógico que Manny acha aquela história suspeita, e passa a fazer parte daquilo.
E o filme vai funcionando desta forma. Com os três andando lado a lado, metendo-se em confusões (a sequência da "extinção dos dodós" é hilária), e firmando um laço de amizade.
Até que chega a cena que fez-me apreciar esse filme novamente. Toda a sequência é feita em silêncio (isso após Diego mandar Sid calar a boca. Obrigada, Diego!)
Manny observa a pintura que retrata uma família de mamutes, e acredito que seus pais tenham sido mortos por caçadores quando ele era um filhote. Ao tocar a pintura com a tromba, o bebê toca nele, quebrando toda a sua linha de pensamento, e o mamute reconforta-se no abraço do bebezinho.
Essa cena foi preciosa para mim. Tudo o que Manny mais amava, foi tirado dele, justamente pelos humanos, e agora, ele está em uma missão em devolver algo importante para os humanos, o pequeno bebê. Resta ao mamute agarrar-se em uma pequena esperança para que aquela criança não cresça e não torne-se um algoz como foram seus semelhantes. No mais, o coração rochoso de Manny havia amolecido.
Quanto ao Sid, bem...
Ele é só o alívio cômico do trio. Desculpa, gente. Não há nada de profundo ou complexo em sua personalidade. Como ele mesmo afirma, ele é apenas uma preguiça, que entende de árvores e de comer folhas.
Diego é um personagem complexo. E o meu favorito do filme todo. Durante o tempo em que andou com Sid e Manny, ele percebe o quão bem tratado ele fora, e após Manny salvar a sua vida, Diego o questiona do porquê ele ter feito aquilo, e ele responde "porque somos um bando". Aquela frase desperta sentimentos em Diego, sentimentos de remorso, colocando toda a missão do tigre à risca, fazendo-o se arrepender por agir de forma traiçoeira.
Evidentemente, os três heróis triunfam sobre os vilões, e completam a sua missão, devolvendo o bebê ao seus semelhantes, e partindo, juntos como um bando.
Uau! Eu não sabia a preciosidade que estava bem embaixo do meu nariz.
Não serei exagerada. Não vou dizer "que filme ícone", "perfeito", "sem defeitos", ou outras frases presunçosas, porque ele tem algumas falhas, porém as qualidades acabam por ofuscá-las. Ainda assim, é uma ótima animação para ver sossegado, em um fim de semana, em família.
Guardarei esse filme em um cantinho bem precioso no meu coração, e mesmo após dezoito anos, continua sendo uma boa animação, com uma boa mensagem. Não posso dizer o mesmo das sequências, e elas só fizeram-me ver o quanto o primeiro filme é único e especial.
Comecei a escrever essa postagem no dia 10/10/20 😮. Seria uma Matemática perfeitamente equilibrada, isso se eu não tivesse procrastinado por tanto tempo.
Demorei alguns meses para finalmente encontrar a música serviu de trilha sonora para A Era do Gelo, mas aí está!
Enjoy!
por isso que eu amo esse blog.
ResponderExcluir❤❤❤
ExcluirAcho que a pior coisa desse filme é o esquilo. Acho ele muito chato. Boa análise e escrita incrível, viiu?
ResponderExcluirtbm odeio aquele bixo ..
ExcluirMoça, que colocação perfeita! E eu concordo. As sequências não fazem jus ao original.
ResponderExcluirParabéns pelo texto.😍
ResponderExcluirObrigada.
Excluirbateu uma vontade de assistir agora... 🐘🦥🐯👶🏻
ResponderExcluirAssista. Vale a pena.
ExcluirEu não entendido essa cena da pintura na parede quando vi. Eu era moleque e então entendi bem pouco... Engraçado, quando somos crianças achamos cenas assim bem chatas, mas quando crescemos, preferimos cenas mais silenciosas. Por isso tenho visto mais animes que animações ocidentais.
ResponderExcluirPois é, amigo. Ele perdeu os pais quando era filhote. Também tenho assistido mais animações nipônicos, porque eles sabem aproveitar o espaço do silêncio, diferente de alguns cartoons histéricos que é tanta gritaria que fica difícil de respirar.
ExcluirBom vê-lo por aqui.
"Cadê o bebê? Olha ele aqui!"
ResponderExcluirAdoro essa parte.
Excluiramo muito . meu filme preferido da infancia ..
ResponderExcluirMeu também.
ExcluirTeve aquele meme que fizeram com o bebê da Era do Gelo. Meme nojento. Odiei aquilo. Parece coisa feito por abortistas.
ResponderExcluirTerrível!
ExcluirO Sid é o Sid hahaha, Diego também é o meu fav ever. Adoro ele. E amo a forma como a personalidade do Manny vai se desenvolvendo. Uma pena que os outros filmes sejam tão aquém do esperado. Ótima análise.
ResponderExcluirE obrigado pela música. Tava procurando ela há séculos, hahaha.
Sim, os outros filmes não fazem jus ao original. Sinto como se os protagonistas nem sequer fossem os mesmos.
ExcluirSend Me On My Way é vida. Só lembro do filme Matilda quando escuto.
As sequências são muito fracas. Principalmente o quinto filme que colocaram um monte de youtubers pra dublar. Asco.
ExcluirNão sei como essa franquia conseguiu sair tanto dos trilhos. Se formos assistir Kung Fu Panda, Como Treinar Seu Dragão ou Toy Story, essas 3 sagas tem um começo, um meio e um fim emocionante. Mas a Era do Gelo teve um começo brilhante e só foi perdendo seu brilho, sendo substituído pelo maldito toilet humor.
ExcluirAmei !
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