Título original: Anne’s House of Dreams.
Autora: L. M. Montgomery.
Ano: 1917
Sinopse: Sob o sol de Green Gables, onde tudo começou, Anne e Gilbert selam o relacionamento e assumem um futuro juntos. Uma oportunidade profissional aguarda Gilbert em Four Winds; e, nesse lugar, rodeada de árvores e um riacho, está a casa dos sonhos de Anne. Lá, conhecerão o capitão Jim e Leslie Moore, vizinhos com histórias surpreendentes para compartilharem com o casal, que passará por momentos difíceis e alegres em seu primeiro ano de casado.
👩🏻🦰🪻
No ano passado, expressei minha frustração com o ritmo do livro Anne de Windy Poplars. Não gostei do ritmo; talvez fosse meu desejo romântico interior por cenas mais doces. Como suspeitava, Anne e a Casa dos Sonhos me fez esquecer o gosto impaciente que seu antecessor deixou.
Algo a se notar, é que esse livro foi publicado antes do quarto livro, o que só me faz acreditar que Windy Poplars é mesmo um filler.
E este quinto e maravilhoso livro saciou aquela vontade incontrolável de que algo grandioso acontecesse. O livro começa com o casamento de Anne e Gilbert e o início de sua vida conjugal. Antes de começar a ler este livro, eu estava preocupada que o relacionamento de Anne e Gilbert se tornasse monótono e tedioso, mas o relacionamento deles nesta edição me manteve interessada. Eles ainda mantêm aquela jovialidade e amizade, e o amor que sentem um pelo outro.
"Anne despertou na manhã de seu casamento e deparou-se com o Sol adentrando a janela de seu quartinho do sótão junto com uma brisa de setembro brincando com as cortinas. "Fico contento que o sol brilhará sobre mim", pensou." (A primeira noiva de Green Gables)
Como Gilbert deve ter lutado para acreditar que sua noiva era a garota que quebrou uma lousa na cabeça dele na escola! Ele merecia aquela dor de cabeça, é claro; ele a havia provocado por causa do cabelo ruivo. Acho que Anne guardou rancor por tempo demais, até que não estava mais punindo Gilbert, mas a si mesma.
Este é o momento que os leitores estavam esperando: Anne e Gilbert recomeçando de verdade.
Gilbert aparece mais nas histórias de Anne depois de "Anne e a Casa dos Sonhos". Eu gosto dele; ele é quieto, inteligente e só tem olhos para sua "garota Anne". Tenho a sensação de que, se ela nunca o tivesse aceitado, ele não teria encontrado outra mulher. Ele é do tipo que só se apaixona uma vez. Ele tinha tanta certeza do seu amor que esperou que ela mudasse de ideia.
Após o casamento, Anne e Gilbert começam sua nova vida em uma casa que ele encontrou. Anne chama esse novo lugar de Casa dos Sonhos. Ela foi construída em uma colina com vista para o oceano. Podemos pensar em uma casa assim como isolada, mas – como outros livros já demonstraram – nenhum lugar é deprimente se Anne morar nele.
"Gilbert ergueu Anne da charrete, passou pelo portão pequeno entre pinheiros, cruzou o jardim e seguiu pelo caminho de terra vermelha até os degraus de arenito.
— Bem-vinda ao lar — sussurrou. De mãos dadas, eles entraram na casa dos sonhos." (A chegada ao lar)
Ela tem um jeito de atrair almas quebradas e mostrar a elas que existe luz. Até um pobre e miserável gato que conhecemos em Anne da Ilha veio até ela em busca de cura. Não é surpresa, então, que esta velha casa solitária se encontre cheia de cor depois que os Blythes se mudam. Almas em casas vizinhas acorrem a Anne para se deleitarem em sua presença.
A velha casa na colina se torna um lugar alegre e de esperança.
Devo concluir que a sensação "chata" do livro anterior se deve ao fato de ser uma espécie de prólogo. Era o mundo de Anne Shirley brilhando, mas respirando fundo antes de nos apresentar esta crônica encantadora.
Nem todos os períodos de espera são ruins, e se você estiver sendo forçado a esperar por algo, prenda a respiração: coisas boas estão a caminho.
Neste caso, a pausa abre espaço para personagens que roubam nossos corações. Meu personagem favorito é o Capitão Jim, um velho marinheiro carismático com inúmeras histórias para contar, o tipo de pessoa com quem Anne se dá bem. Houve momentos em que o vínculo deles me lembrou o de Anne com Matthew Cuthbert em Anne de Green Gables. (Neste ponto da série, parece que faz tanto tempo que não lemos sobre Matthew. Nunca esquecerei o capítulo em que o homem confuso traz uma menina órfã da estação de trem para casa.)
O Capitão Jim adora fazer Anne se sentir em casa. Ele conhece as pessoas desta cidade e todas as suas histórias; sabe por que elas estão sofrendo e, em sua idade avançada, tem muita compaixão para oferecer ao mundo. Fiquei muito feliz quando sua história marítima foi publicada em livro. Ele deve ter ficado encantado em revisitar aqueles momentos!
Além dele, somos apresentados à Srta. Cornelia (na qual Anne se apaixona imediatamente pelo nome dela, pois lembra muito "Cordelia", um nome da qual ela ama muito), que no começo torci o nariz para os comentários ásperos dela acerca dos homens, mas depois ela foi me conquistando. A Srta. Cornelia é hilária e tem uma certa aversão "contra" os homens, e seus comentários espalhados pelo livro são realmente engraçados, e você sabe que quando ela aparece, um grande sorriso vai se abrir no seu rosto. De seus comentários "como um homem", à sua sempre necessidade de ter a última palavra, ela trouxe humor a este livro, e o livro precisava desesperadamente disso, pois há muitas cenas sérias.
"— Pelo o que eu ouvi falar, o seu marido não é tão ruim para um homem. — a senhorita Cornelia encarou Anne intensamente por cima dos óculos. — Acha que não há ninguém como ele no mundo, aposto." (A senhorita Cornelia Bryant faz uma visita)
O casamento de Anne e Gilbert acabou sendo uma união feliz e de confiança. Eles se apoiaram mutuamente em momentos de tragédia, sem perder a esperança, e a tragédia foi compensada com grande alegria.
Devo acrescentar que Gilbert é um bom homem. Ele tem sido a pessoa mais paciente do mundo esperando por Anne; depois do casamento, ele se esforça para garantir que ela seja feliz. Ele nunca pede que ela abandone os devaneios que o atraíram para ela em primeiro lugar. Eles estão em paz, e os leitores também.
A estadia de Anne na Casa dos Sonhos não pode durar para sempre; afinal, famílias felizes precisam crescer. Podemos ter certeza de que ela será uma fonte de luz quando eles se mudarem para seu segundo lar.
Minha outra personagem favorita era Leslie Moore, a vizinha misteriosa que tem quase a mesma idade que Anne. Leslie tem uma história triste e trágica, é reservada e nem sempre se dá bem com Anne, e eu achei o relacionamento delas real e interessante.
"— Você deve achar que eu sou maluca — hesitou Anne, tentando recobrar-se.
— Não — respondeu a garota. — Não acho." (Leslie Moore)
Como em seus outros livros, a escrita de L. M. Montgomery é tão bela aqui. Four Winds se passa no litoral, e que litoral acidentado e atmosférico parece! Acho que prefiro o cenário de Four Winds a Green Gables, já que Four Winds tem um ar de mistério e tristeza, enquanto Green Gables é tão leve e alegre. Não me entendam mal, eu adoro Green Gables, mas me sinto atraída pela natureza selvagem do mar que existe em Four Winds.
Definitivamente, há algumas cenas de cortar o coração neste livro, e, mais uma vez, L. M. Montgomery não hesita em abordar o luto em sua escrita. Considero os textos de Montgomery sobre o luto um dos melhores que já li sobre o assunto, e ela consegue realmente tocar o coração com algumas frases simples.
Fiquei tão surpresa por ter amado este livro tanto quanto amei. Geralmente, com séries, começo gostando bastante, mas depois os livros parecem decair. Não é o caso aqui, e realmente acho que este pode ser o meu favorito da série (até agora!).
"Havia uma estranha solenidade naquela cena. Anne e Leslie se curavam, como se estivessem recebendo uma bênção." (Rosas Vermelhas)
Sobre a autora: Lucy Maud Montgomery nasceu em 30 de novembro de 1874 em Clifton, Canadá, lugar que serviu de cenário para sua primeira obra Anne de Green Gables. Sua mãe faleceu quando Lucy era bebê, e o pai a entregou aos seus avós maternos, porém, aos 7 anos, ele retornou para buscá-la. Ela cresceu sozinha, e isso fez com que tivesse bastante tempo para imaginar e criar diversas histórias. Em 1890, publicou seu primeiro texto em Charlottetown. Faleceu em 24 de abril de 1942, em Toronto, Canadá.
O livro foi comprado por mim. Não é um livro parceria. 👩🏻🦰💟
Mt bom. E o blog está lindo.
ResponderExcluirDá pra notar nesse livro que a Lucy Maud colocou tudo de si na Anne, desde a vida adulta, decepções e o filho natimorto.
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