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Filme: Para Sempre Cinderela



"Just breath..."

Nome original: Ever After
Ano: 1998
Duração: 1h57m
Gênero: Drama/Romance
Direção: Andy Tennant
Sinopse: "Esta versão atualizada do clássico conto de fadas mostra a história de Danielle, uma jovem vibrante que é forçada a trabalhar como servente após a morte de seu pai. A madrasta é uma mulher sem coração que obriga Danielle a limpar e cozinhar. Mas tudo isso muda quando a jovem conhece o charmoso Príncipe Henry."

Hoje, irei resenhar um dos meus filmes favoritos da vida: Para Sempre Cinderela.

Existem muitos filmes que surgem quando você estava crescendo, que não importa o que aconteça, sempre encantarão e emocionarão. Para uma criança dos anos 90, são aqueles filmes que o atingem profundamente, não importa quantas vezes você os tenha assistido. Bem, hoje podemos ver um destes filmes que faz isso melhor do que muitos outros, o que pode levá-lo de volta no tempo em um simples passe de mágica.

Então, para definir o cenário, abrimos no século XIX, quando a Grande Dama (Jeanne Moreau) convidou nada mais e nada menos que os Irmãos Grimm, os famosos contadores de histórias, para a sua cabeceira. Ela adora sua coleção de contos folclóricos... bem, tudo isso é menos um, a história da Cinderela. Ao perceber uma pintura na parede, um dos irmãos pergunta sobre sua origem, o que permite que a Grande Dama conte a história de sua tataravó Danielle de Barbarac (Drew Barrymore). Quando jovem, Danielle (Anna Maguire) viveu em uma grande mansão com seu pai Auguste (Jeroen Krabbé). Um dia em suas viagens, ele traz para casa uma nova esposa, a baronesa Rodmilla de Ghent (Anjelica Huston, que está impecável no papel, permita-me dizer) e suas duas filhas. É mais um momento feliz, pois a inocente Danielle pensa que ganhou uma nova mãe e irmãs, até que ao partir em viagem para Avignon, seu pai sofre um infarto fulminante às portas da propriedade, deixando Danielle à própria sorte nas mãos de sua madrasta. 


Há muito o que falar sobre este filme, mas a primeira coisa que diferencia esta versão da maioria das outras que já vi é que ela entrega desenvolvimento para a maioria de seus personagens, seja para o bem ou para o mal. Em muitas interpretações da história tradicional, Cinderela é apenas alguém que obedece ordens e deixa as coisas acontecem com ela. Aqui não! Quando conhecemos Danielle já em sua fase adulta, ela estava colhendo maçãs quando alguém tentou roubar o cavalo de seu pai. Em vez de nada fazer, ela pega aquelas maçãs e mostra que qualquer coisa pode ser uma arma, se alguém quiser. Ela finge ser uma cortesã para impedir que Maurice (Walter Sparrow) seja enviado para as Américas, fazendo um discurso que deixa as damas da corte surpresas.



Cada personagem tem uma motivação e um impulso claros que ajudam a definir quem eles são. Rodmilla foi lançada uma tábua de salvação com o casamento de Auguste, que era claramente uma posição inferior a ela. Mas ela estava completamente despreparada e incapaz de administrar a fazenda que herdou, pois vemos como as coisas correram mal nos anos anteriores. Ela também é alguém com um impulso singular que é tanto sua força quanto um de seus principais obstáculos.



O príncipe Henry (Dougray Scott) quer escapar da vida que vê em seus pais, mesmo que seja um grito superficial de rico sobre responsabilidade quando eles estão significativamente melhor do que o resto da população. Até mesmo as duas meias-irmãs ''malvadas'' Marguerite (Megan Dodds) e Jacqueline (Melanie Lynskey) têm profundidade em seus personagens. Marguerite tem sido o foco do impulso de sua mãe para aumentar sua posição, o que significa que ela é engenhosa e ambiciosa. No entanto, isso também significa que ela imita a frieza e a crueldade de sua mãe. Jacqueline vive com todos os requisitos exigidos pela mãe, por isso fica bem para a família, mas sem nenhum cuidado que Rodmilla mostra a Marguerite. Jacqueline é tratada como uma reflexão tardia por quase todos. Embora isso claramente a tenha afetado, vemos ao longo do filme que ela tem uma grande capacidade de cuidar das pessoas ao seu redor e de ser perspicaz quando a situação exige. 

Até mesmo o desprezível Monsieur Pierre Le Pieu (Richard O'Brien) tem uma motivação porque ele tem poder e gosta de exercer esse poder sobre outras pessoas, e em sua obsessão cega e doentia em possuir Danielle.




É também um filme que se deleita com seu tempo e cenário, mesmo que não se importe em ser acurado. O rei Francisco (Timothy West) foi um verdadeiro rei da França, na verdade convidou Leonardo da Vinci (Patrick Godfrey) para o país e também teve um filho chamado Henrique, que se tornou rei. Claro, Leo veio para o país quando Henry era criança e não tinha 20 anos, e Francis nunca foi casado com Marie (Judy Parfitt), mas nada disso importa. Preciso falar do figurino deslumbrante que replica as vestimentas do século XVI, desde tiaras a sapatos. Vemos muitos filmes e até mesmo séries não respeitarem a devida época que estão tentando representar, mas este filme foi primoroso e seguiu a risca a moda daqueles tempos. Acho que apenas vi Emma e Orgulho e Razão e Sensibilidade, serem respeitosos com o figurino, e isso sim, é um detalhe importante.        

Além disso, você não pode deixar de ser levado a este mundo com todos os elementos de produção que nos levam de volta no tempo. Filmar na França dá ao mundo uma profundidade difícil de obter em estúdios. Cada cena traz a luxúria e faz você ansiar pelo interior da França, mesmo sabendo que a verdadeira realeza francesa não viveria em algo tão pequeno. Onde você mais vê isso é quando Danielle está perseguindo Marguerite depois que Marguerite casualmente diz que a mãe de Danielle está morta. Depois de um soco rápido, corremos do quarto do andar de cima, descemos a escada de pedra, corremos pela sala de jantar formal e depois para a sala de jantar cotidiana, onde há uma fogueira para o confronto final, tudo de uma vez.

Outro lugar onde você vê essa produção é na bela partitura de George Fenton, cheia de cordas de todas as persuasões do começo ao fim. Então, quanto mais perto você chega da realeza, mais metais são adicionados à equação até que o som seja estrondoso, enquanto oboés e fagotes ficam embaixo, criando essa sensação estranha com suas palhetas duplas. Ele vai do frio ao quente ao longo do filme, mas sempre preenche perfeitamente a paisagem sonora naquele momento e, de alguma forma, faz o duplo trabalho de voltar ao passado, mas também ser contemporâneo.   



Nada disso teria funcionado se o elenco não aceitasse tudo o que foi jogado contra eles. Drew Barrymore deve ser o núcleo emocional do filme, e vemos todos os altos e baixos da vida de Danielle por meio de sua atuação. Anjelica Huston está magnífica no papel de madrasta e é uma alegria assistir desde o momento em que ela aparece na tela até sua queda inevitável. Patrick Godfrey como Leonardo da Vinci é uma delícia e é a analogia perfeita do mundo real para uma fada madrinha. Dougray Scott é o príncipe charmoso que aprende a valorizar as coisas mais humildes da vida graças a Danielle, e até hoje não perdoo aquele final em que não foi capaz de salvar ela. Queria tê-lo visto lutar por ela, ser digno de ser amor, mas infelizmente o filme quis ir para um caminho mais fácil, e que hoje se tornou extremamente saturado embora fosse novidade para a época, em que a mocinha salva a si mesma. 

No final, recomendo Para Sempre Cinderela? Está mais do que óbvio que sim. É um romance lindo do começo ao fim. É uma reinterpretação maravilhosa de uma história que todos nós já ouvimos antes. A atuação, os cenários, o figurino, a história e tudo isso se junta para criar uma das melhores adaptações de um conto de fadas e simplesmente a melhor versão da história da Cinderela contada.



Comentários

  1. Amém!!!!! Gostei do post! Amei os looks o meu preferido foi o penúltimo! (Seguindo aqui com o maior prazer!) Beijos anjo que DEUS NOSSO PAI TE ABENÇOE SEMPRE♥
    http://feriasemparis.blogspot.com.br/

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    Respostas
    1. Oi Tatáh. Obrigada por se tornar membra deste humilde espaço,
      que Deus te abençoe muitoooo e já to passando no teu blog pra te seguir. bjs querida.

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  2. amiga q looks lindos, eu usaria mesmo não sendo evangélica *-*

    Bjuuu
    Juliana Medeiros
    umabonecamasnaodeporcelana.blogspot.com.br
    facebook.com/UmaBonecaMasNaoDePorcelana

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    1. Oi Juliana, obrigada pela visita fofa! bjs

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  3. Que post antigo; mas amei as tendências de moda cristã. Deus abençoe a irmã.

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