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Livro: Fragmentados


Título original: Unwind
Autor: Neal Shusterman
Páginas: 368 páginas
Editora: Novo Conceito
Ano: 2015

Sinopse: 
Em uma sociedade em que os jovens rejeitados são destinados a terem seus corpos reduzidos a pedaços, três fugitivos lutam contra o Sistema que os "fragmentaria". Unidos pelo acaso e pelo desespero, esses improváveis companheiros fazem uma alucinante viagem pelo país, conscientes de que suas vidas estão em jogo. Se conseguirem sobreviver até completarem 18 anos, estarão salvos. No entanto, quando cada parte de seus corpos — desde as mãos até o coração — é caçada por um Sistema ensandecido, 18 anos parece muito, muito longe.

👦🏼👦🏻👩🏽

Nota: não confunda este livro com o filme de 2016 "Fragmentado" (Split no original).

Recordo-me muito bem de como eu queria tanto ler este livro, e fiz o possível do impossível para tê-lo, inclusive, cogitei a pedir emprestado para algumas colegas. Tudo por conta desse curta-metragem aqui, baseado no livro.



De fato, essa cena existe no livro, porém, é um rapaz quem está na mesa de cirurgia, não uma garota.

No fim, consegui obtê-lo, em formato digital adquirindo-o através do Google Books, e o li em uma noite, quebrando o meu próprio recorde mesmo lutando fortemente contra o sono que por hora ou outra insistia em fatigar meus olhos.

A ideia é de todo interessante. Nessa realidade utópica, adolescentes são mandados pelos próprios pais para serem fragmentados, e terem partes de seus corpos e seus órgãos doados a quem tiver condição de pagar mais. Não pude deixar de imaginar aqueles ricaços excêntricos com membros diferentes em seu corpo, tal como o Frankenstein. 

Quando acabei de lê-lo, o sol já raiava no céu, e após a leitura completa, vi-me completamente desagradada com a tal odisseia literária.

Resumindo: acabei não gostando nadinha do que li.

Esse livro decepcionou-me de tal maneira, que nenhum outro havia decepcionado, e olha que já li muito livro de caráter duvidoso.

A resenha conterá alguns spoilers. 

Um adendo antes de iniciar a resenha. Deixarei bem claro de que não estou difamando a obra ou o seu autor, apenas estou apontando, como leitora assídua que sou, detalhes e eventos que acabaram por subverter a obra.
Não leve-me a mal. Esta é apenas a minha opinião, e não há nada errado em você gostar ou não desse livro. Está tudo bem. Porém, não pude deixar de notar algumas coisas que realmente irritaram-me durante o percurso que fiz nesta obra literária. Digo, havia tanto potencial aqui, e tudo fora desperdiçado.

Conhecemos os três protagonistas; Connor, Risa e Lev. Os capítulos alternam nos pontos de vistas destes três, e alguns capítulos, alternam nos pontos de vistas de outros personagens que não comparecem muito na trama, como um policial, uma professora e por aí vai.

Abre-se o livro com uma epígrafe de um tal Almirante, nos alertando que: 

"Se mais pessoas tivessem doado seus órgãos, a fragmentação nunca teria acontecido."

Neste ponto, percebi que o livro não seria nada imparcial, o que já deixou-me preocupada. Afinal, após esta citação, há mais três, e por fim, conhecemos Connor, que está planejando fugir com a namorada, Ariana, pois ele está marcado para ser fragmentado, e quer fugir de tal destino lastimoso. Porém, a garota se acovarda e desiste do plano, terminando com ele. Tudo dá errado para Connor, no momento em que ele foge de casa, levando consigo o seu celular. Até aí, tudo bem. Entendemos que ele fora pego por causa do rastreamento do GPS, contudo, subestimando a inteligência do leitor, o autor me manda uma dessas:

"Foi tão idiota ter deixado o celular ligado — foi assim que eles o rastrearam —,e ele se pergunta quantos outros jovens foram pegos pela própria confiança cega na tecnologia."

 É sério que ele precisou CONTAR que Connor só foi pego pela policial, por que deixou ligado a porcaria de celular que tem rastreador e que Connor não queria desapegar-se do aparelho?! Sei que a pessoa que escreveu esse livro é um autor experiente, e é experiente o suficiente para saber que devia ter MOSTRADO a situação, e não simplesmente tê-la CONTADO em uma frase tão supérflua e jogada de qualquer forma. Esse foi o ponto alto em que eu quis desistir, mas vi que havia gasto dinheiro com o livro e precisei continuar com a leitura.

Conhecemos Risa, uma garota órfã que será encaminhada para a fragmentação, pois já não há mais condições do Estado mantê-la, e Lev, um menino nascido em uma família benquista, que diferente dos outros dois protagonistas, é um dízimo, um tipo diferente de fragmentário, pois ele não vai para a fragmentação por força bruta, mas por vontade própria. Foi criado desde pequeno a pensar que seus órgãos ajudariam muitas pessoas, e por isso ele era uma criança especial. São contrastes um tanto interessantes, isso se Lev não fosse o personagem mais irritante do livro inteiro.

Os três desafortunados se conhecem em uma ocasião que parece que fora tirada de um filme de ação, e fogem, juntos, do sistema que quer caçá-los e tomar seus órgãos.

Há muitas outras desventuras que os protagonistas vivenciam, e Lev sempre dá um jeito de atrapalhar ou ferrar com a situação. Por fim, eles conseguem abrigo, mas isso não os livrará do destino fatídico que os aguarda, enquanto lutam para provarem que são humanos e que merecem viver tanto quanto qualquer outro.

Darei, agora, alguns spoilers, então, se não gostas de ter suas expectativas baixas. Pule para o final da resenha e fique livre da zona de spoiler.

*pigarro*

1

2

3

*ZONA DE SPOILER* Estão avisados para sair daqui.

Mediante a vários acontecimentos mirabolantes regados a ação desenfreada, os três heróis escapam de suas devidas fragmentações, todavia, não da forma como esperei. Eles não derrubam o sistema, e mesmo com toda a problemática em "abortar" adolescentes, as práticas continuam. O que daria brechas para mais e mais sequências, a lá Maze Runner, porém, esse é um livro que não faz esse tipo de estilo. Poderia muito bem ter fechado todas as pontas soltas somente neste livro, isso se o autor não tivesse perdido tanto tempo em detalhes frívolos.

Connor escapa da fragmentação porque perdeu um dos braços e um dos olhos, e teve que receber um braço novo, justo o braço do menino que era seu rival (cuja cena do fragmentação presente no curta-metragem pertence a ele). Ademais, Connor "ganha" a identidade de um guarda morto no pandemônio anterior, e que o faz pular de 16 anos para 19 anos de idade. 
Lev escapa da fragmentação porque ingeriu vários produtos inflamáveis, fazendo com que seus órgãos ficassem impróprios para a doação (ele havia entrado para uma espécie de gangue revolucionária e terrorista e tornou-se um rebelde no desenrolar do livro).
E Risa? Pobre Risa, escapou da fragmentação porque ficara deficiente, e é proibida a fragmentação em pessoas deficientes. No fim, nenhum deles bateu de frente com o sistema, e apenas escaparam de morrer por meios de "desvios" na lei. E mesmo com eles escapando (diabos, usei muito essa palavra) da fragmentação, ainda não havia lugar na sociedade para três adolescentes desgarrados como eles, e tiveram que abrigar-se em um esconderijo longe dos olhos do mundo. E apesar do final ser muito poético, com Risa tocando piano nas asas de um avião, isso entristeceu-me muito. Não porque o final é tão bonito que faz com que lágrimas automáticas fujam de nossos olhos, mas porque é deveras apressado e algumas coisas ficaram de fora. Tudo muito precipitado para dá lugar à uma continuação que saiu tardia, e que não reconta a história de Connor, Lev ou Risa.


FIM DOS SPOILERS.



Outro problema no livro, é a sua linguagem deveras simplória, repetindo a todo instante os mesmos adjetivos e substantivos. Em momentos assim, bem que o autor deveria dá uma pesquisada rápida no dicionário para encontrar um sinônimo para "mas". Isto poderia vir bem a calhar.

No fim, não sei qual seria a moral que o autor do livro gostaria de passar. Acabei compreendendo umas duas mensagens ocultas, nas entrelinhas, e concluí que o livro nada mais era do que uma mera cartilha obscura, o que fez meu desagrado a ele crescer ainda mais.

Sei que existem outras continuações, mas certamente não lerei nenhuma, mesmo com outras pessoas dizendo-me que há um ou outro elemento que se destaca, pois sou o tipo de pessoa que raramente me disponho a ler sequências, com exceções de HP e CDN, e se o livro não cativar-me logo no primeiro livro, tampouco conseguirá tal feito em seus livros subsequentes.



** O livro foi comprado por mim em formato digital. Não é um livro parceria.



Comentários

  1. Aiin, não !
    Eu achei o livro tão emocionante mas tão curto !
    Nossa, Minha amiga disse a mesma coisa a respeito desse livro !
    Tomara que a situação não se repita no segundo !
    Beijos, Sammy

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    1. Oi, Kelly. Não há problema algum em você gostar do livro.
      Não sou a dona da verdade. Apenas estou ficando mais velha, e muito aborrecida com algumas coisas que ando lendo.

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  2. Senti que faltou mais inspiração ao autor do livro.

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  3. E como vc disse, ele perde muito tempo detalhando coisas desnecessárias e acabou deixando o final muito rushado.

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    1. Ah, isso é verdade.

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    2. É a maldita fominha em querer fazer sequências e mais sequências. Muito desnecessário. Nem toda saga adolescente fica memorável.

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  4. Quando li senti que ele queria ser mais do que poderia. Um passo além do que a perna pode dá, além do fato do autor claramente estar fazendo uma analogia ao aborto e em como seria "benéfico" descartar crianças indesejadas.

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